RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta quarta-feira (5) a médica Claudia Soares Alves, investigada por envolvimento no assassinato de uma farmacêutica, em 2020, em Uberlândia (MG). Ela ficou conhecida em julho do ano passado após ser detida por raptar uma recém-nascida dentro de um hospital na mesma cidade.
A prisão ocorreu em Itumbiara (GO), onde Claudia morava. A ação cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão autorizados pela justiça de Uberlândia. Outros dois suspeitos dois vizinhos da médica, pai e filho também foram detidos. Eles não tiveram os nomes divulgados.
Procurado, o advogado Vladimir Rezende, responsável pela defesa da médica, não respondeu à reportagem até esta publicação.
Segundo a Polícia Civil mineira, a farmacêutica foi morta quando chegava ao trabalho, em uma farmácia da cidade. Um homem se aproximou, entregou uma carta à vítima e efetuou disparos, fugindo em seguida. A mulher morreu no local.
A investigação aponta que Claudia teria se envolvido com o ex-marido da farmacêutica após a separação do casal. O relacionamento teria durado cerca de dois meses e terminado, segundo relato do próprio homem à polícia, após ele notar sinais de instabilidade emocional e comportamento possessivo. A médica manifestava o desejo de assumir a maternidade da filha da farmacêutica, então menor de idade.
Diante do comportamento da médica, a vítima impediu o ex-marido de conviver com a filha quando estivesse acompanhado de Claudia, por considerá-la uma ameaça. Para os investigadores, esse episódio foi o estopim do crime.
A polícia afirma que a médica teria articulado a morte com apoio dos vizinhos, que forneceram a motocicleta utilizada na fuga. A placa do veículo estava adulterada. Nos depoimentos, tanto Claudia quanto um dos vizinhos confirmaram estar em Uberlândia na data do crime, mas apresentaram um álibi posteriormente considerado falso.
Segundo os investigadores, a carta entregue à farmacêutica antes dos disparos fazia referência à ruptura do relacionamento e ao convívio com a criança elemento que reforçou a motivação apontada pela polícia.
Claudia já responde pelo sequestro de uma recém-nascida em 24 de julho de 2024. Vestida como médica e com um crachá da UFU, ela entrou no hospital universitário e retirou o bebê do quarto onde estava com a mãe. Câmeras de segurança registraram o momento em que ela colocou a criança em uma mochila e deixou a unidade em um carro.
A Polícia Militar rastreou o veículo após ele passar por um pedágio na divisa com Goiás. A médica foi presa em flagrante em uma clínica particular em Itumbiara, onde o bebê foi localizado sem ferimentos.
Na época, a defesa afirmou que Claudia era portadora de transtorno afetivo bipolar e estaria em crise psicótica. Um relatório médico anexado ao processo citava que ela estava em tratamento psiquiátrico desde 2022 e apresentava episódios alternados de depressão e euforia que poderiam comprometer seu discernimento.
A médica era doutoranda em ciências da saúde na UFU e havia tomado posse como professora da instituição pouco antes do sequestro. Ela também chegou a atuar na Universidade Estadual de Goiás, da qual pediu exoneração.
Claudia foi levada novamente ao sistema prisional goiano após a operação desta quarta. Os vizinhos investigados também foram detidos e serão ouvidos. As prisões são temporárias.




