BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Ed Miliband, secretário de Energia do Reino Unido, defendeu a realização da COP30 em artigo no jornal Financial Times. “Apesar de todas as frustrações, a cúpula climática é um dos melhores exemplos de multilateralismo bem-sucedido que o mundo já conheceu”, escreveu o integrante do gabinete de Keir Starmer e alvo preferencial dos conservadores.
No mesmo momento em que Miliband defendia que “algumas vozes” no Reino Unido “querem descartar a causa climática e minar a cooperação global para enfrentá-la” de maneira “profundamente irresponsável”, a líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, lançava uma campanha pró-combustíveis fósseis.
Jornais como Daily Telegraph, The Sun, Daily Mail e o canal Sky News deram amplo destaque à oposicionista. O Telegraph, que assume publicamente uma posição cética em relação à crise climática, criticou Miliband, chamou a COP de “maior viagem a convite do planeta” e acusou o governo trabalhista de Starmer de ignorar uma suposta emergência energética que o país estaria vivendo.
O momento político britânico explica em parte o surpreendente recuo do Reino Unido no financiamento do TFFF, o fundo de florestas que está sendo lançado pelo Brasil em Belém. O país participou da concepção do plano que, segundo o governo brasileiro, foi recebido com entusiasmo pela City, o centro financeiro de Londres.
Depois da imigração, a recusa a qualquer tipo de política ambiental é a bandeira preferida da ultradireita europeia. Em vários países, como ocorre agora no Reino Unido, a reação de conservadores e centristas tem sido encampar a discussão em busca da popularidade perdida para políticos radicais.




