SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Copom anuncia uma velha-nova taxa Selic, Senado aprova mudanças no IR e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (6).

**NOVA REUNIÃO DO COPOM, VELHA SELIC**

Nesta quarta-feira (5), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central segurou a taxa Selic em 15% ao ano em decisão unânime. Sem grandes emoções.

SÓ ISSO?

Sim. O comunicado que o colegiado publica juntamente com a decisão delineia o que foi discutido no encontro e quais podem ser os próximos passos da política monetária.

O recado manteve o tom conservador das versões anteriores. O comitê não disse que vai cortar a taxa, mas também não disse que não vai cortar.

O que é certo (ao menos nas palavras do Copom), é que a Selic não deve aumentar: o comunicado dá como suficiente a estratégia atual de manter a taxa em um nível elevado por um longo tempo para fazer com que a inflação chegue à meta.

SOB PRESSÃO

O governo não está feliz. Uma Selic em 15% ao ano encarece o crédito e esfria setores da economia caros ao presidente, como o imobiliário. Quem aí está doido para financiar um apartamento com os juros nas alturas?

Um dia antes da decisão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se fosse membro do colegiado do BC, votaria pela queda de juros.

RECALCULANDO A ROTA

Os maiores bancos privados do país estão tomando mais cuidado na hora de desembolsar empréstimos para consumidores e empresas com receio do crescimento da inadimplência.

Por ora, ela está sob controle, mas o surgimento de novas recuperações judiciais de empresas está no radar de bancos como Itaú, Bradesco e Santander.

**ARRUMANDO A CASA PARA 2026**

O Senado aprovou ontem a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês —uma vitória para o governo Lula, que tenta colecionar bons momentos pensando nas eleições de 2026.

A parte que interessa: o que muda para você? Depende da sua renda.

O projeto prevê um desconto progressivo no IR para quem ganha R$ 5.000 a R$ 7.350. Isto é, quanto mais próximo de R$ 7.350 for o seu salário, menor o desconto.

DE CIMA PARA BAIXO

Para compensar as mudanças na base, o governo mexe no topo. A proposta cria um imposto efetivo mínimo de 10% sobre a alta renda.

O alvo da medida são 141 mil contribuintes que recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5% —abaixo do que pagam profissionais como policiais (9,8%) e professores (9,6%).

A alíquota será cobrada progressivamente de quem ganha a partir de R$ 50 mil mensais (cerca de R$ 600 mil anuais), sempre que a cobrança regular tiver ficado abaixo do piso estipulado.

Os efeitos… vão além da sua conta-corrente de pessoa física. A mudança deve contribuir para um aumento de 0,2 a 0,6 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano, segundo projeções coletadas pela Folha de S.Paulo.

Ao mesmo tempo, alguns economistas se preocupam com o aumento do risco fiscal. Eles enxergam a arrecadação do lado mais alto da pirâmide como incerta.

“O governo está certo em taxar os mais ricos, mas deveria usar esse recurso para reduzir o buraco fiscal. Você não pode se dar ao luxo de não usar se você tem déficit”, Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre.

**IA É DA 🇨🇳**

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse nesta quarta-feira que a China superará os rivais americanos na corrida pela inteligência artificial, graças a custos de energia mais baixos e regulamentações mais brandas.

“A energia lá é de graça”, afirmou.

Ajuda que a China aprovou na última semana subsídios nas contas de energia de data centers para empresas como ByteDance (que opera o TikTok), Alibaba e Tencent.

BIRRA?

As observações de Huang vêm depois de Donald Trump, presidente dos EUA, manter a proibição que impede a Nvidia, sediada na Califórnia, de vender seus chips mais tecnológicos para Pequim.

A decisão foi reafirmada após uma reunião entre Trump e o líder chinês Xi Jinping na semana passada, na qual Huang depositava as esperanças de uma liberação.

Parando para pensar… o que faz o CEO da empresa que é considerada a mais valiosa do mundo hoje —acaba de bater os US$ 5 trilhões em valor de mercado— a investir tempo e energia para exportar para um país rival do qual a sua empresa está sediada?

A resposta tem várias camadas, mas vamos focar em uma: qual outro país tem tanta demanda por tecnologia avançada para tornar-se um cliente importante para a Nvidia? Isso mesmo, a China.

Sem poder vender seus melhores chips para a China, Huang ficará eventualmente encurralado. Existe um teto para o crescimento do mercado de inteligência artificial no Ocidente e há quem diga que ele não está tão distante.

O CEO da Nvidia quer ver a companhia crescendo sem perder o fôlego, o que só é possível se o mercado chinês estiver ao seu lado. Para conseguir isso, encher o saco de Trump publicamente pode ser um preço baixo a ser pago.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Marque na agenda. O próximo encontro entre autoridades americanas e brasileiras está marcado: Mauro Vieira e Marco Rubio se reúnem na próxima semana.

Não acabou? O apagão da máquina pública nos EUA segue. Por isso, o país reduzirá o tráfego aéreo em 10% em 40 aeroportos. Entenda melhor.

Ficou para depois. Alexandre de Moraes suspendeu o julgamento sobre o reajuste de planos de saúde para idosos.

Cadê o contrato que estava aqui? Sumiu. O BRB (Banco de Brasília) tirou contratos públicos do ar depois da publicação da reportagem da Folha de S.Paulo sobre o Banco Master.