BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Em artigo publicado nesta manhã em dezenas de jornais pelo mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu menos discurso e mais ação a seus pares antes da Cúpula de Líderes que abre a COP30, em Belém.

“Se não conseguirmos passar dos discursos para ações concretas, nossas sociedades perderão a fé _não apenas na COP, mas no multilateralismo e na política internacional de forma mais ampla”, escreveu Lula. “É por isso que convoquei os líderes para a Amazônia: para tornar esta a ‘COP da verdade’, o momento em que demonstraremos a seriedade do nosso compromisso comum com o planeta.”

O texto não foge do tom dos últimos discursos do presidente brasileiro sobre o tema. Repete a justificativa de escolher Belém como centro da conferência, “uma oportunidade para políticos, diplomatas, cientistas, ativistas e jornalistas testemunharem a realidade da Amazônia”.

Lula volta a defender o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), uma proposta inédita para usar recursos públicos e privados no financiamento da conservação ambiental. ” Inovador porque funciona como um fundo de investimento, e não como um mecanismo de doação.”

Lembra também que o Brasil foi um dos primeiros países a divulgar sua NDC (contribuição nacionalmente determinada, na sigla em inglês) para 2035, exortando outros líderes a fazer o mesmo durante a conferência, que começa oficialmente na segunda-feira (10).

O artigo faz uma ponte temporal entre a COP30 e a ECO92, a histórica conferência da ONU sobre clima realizada no Rio no início dos anos 1990. “Aprovamos as convenções sobre clima, biodiversidade e desertificação e adotamos princípios que definiram um novo paradigma para preservar nosso planeta e nossa humanidade.”

“Nos últimos 33 anos, essas reuniões produziram acordos e metas importantes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa; desde acabar com o desmatamento até 2030 até triplicar a capacidade de energia renovável”, escreveu o presidente, sublinhando que há enorme progresso na luta contra mudança climática, ainda que não suficiente para segurar os termômetros a 1,5°C, paradigma perseguido pelo Acordo de Paris.

Sem mencionar a exploração de petróleo na foz do Amazonas, Lula faz uma ginástica argumentativa para atrelar a política energética do país à necessária transição dos combustíveis fósseis para energia limpa. “Redirecionar as receitas da produção de petróleo para financiar uma transição energética justa, ordenada e equitativa será essencial. Com o tempo, as empresas petrolíferas em todo o mundo, incluindo a Petrobras do Brasil, se transformarão em empresas de energia, porque um modelo de crescimento baseado em combustíveis fósseis não pode durar.”

Lula ainda destaca sua crença no multilateralismo, na reforma do Conselho de Segurança da ONU, na criação de um fórum climático permanente nas Nações Unidas e na necessidade de justiça social na luta contra o aquecimento global.

“Devemos reconhecer que os setores mais vulneráveis da nossa sociedade são os mais afetados pelos impactos das alterações climáticas, razão pela qual os planos de transição justa e adaptação devem ter como objetivo combater a desigualdade.”