SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira (5) em Salvador (BA) uma discussão global sobre a redução das emissões de carbono baseada em eixos como justiça climática, financiamento de projetos elaborados por populações locais e conservação de biomas como a amazônia.

Em uma conversa com autoridades, acadêmicos e jovens da França, da Bahia e do Benin no Museu de Arte Moderna da Bahia, o presidente criticou a postura dos países mais ricos de querer dar a lição aos países emergentes sobre suas políticas energéticas ou ambientais.

“O caminho para reduzir o impacto [das emissões] tem que ser escolhido de forma soberana por cada país, permitindo tornar compatíveis o clima e a política de desenvolvimento”, afirmou o presidente francês.

Ele destacou que comunidades locais em geral possuem soluções mais inteligentes em termos de adaptação para o clima e afirmou que a França tem investido € 3 bilhões por ano em políticas desse tipo.

Macron também afirmou que a conservação das florestas primárias deve estar no centro das discussões sobre meio ambiente, destacando a importância de frear os impactos no clima e redução da biodiversidade e falou sobre a necessidade de financiar as políticas de preservação de ecossistemas.

Macron veio a Salvador para participar abertura do festival Nosso Futuro: Diálogos com a África, evento com participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil).

Em discurso, o presidente francês se referiu às relações entre França, Brasil e países africanos como um “triângulo de amor”, afirmando que vai percorrer “degrau a degrau” para ampliá-las.

“É um enorme privilégio esse calor e essa acolhida. Não tenho palavras para expressar o sentimento de tão bem que fui recebido. A gente encontra aqui a força da Europa, do Brasil e da África. E esse triângulo que começou com dores, a gente vai conseguir fazer de tudo isso um triângulo de amor”, afirmou.

Macron também elogiou o trabalho do fotógrafo e antropólogo francês Pierre Verger, radicado na Bahia a partir de 1946, dedicando-se ao estudo da cultura afro-brasileira.

O ato em Salvador reuniu um grupo de 300 jovens do Brasil, França e países africanos. As propostas feitas no evento serão compiladas em um documento que será apresentado durante a COP30 em Belém.

Na capital baiana, Macron também caminhou pelas ruas do Pelourinho, visitou a galeria da Fundação Pierre Verger, dedicada às fotografias do francês, e a Casa do Benin, museu focado na relação com o país africano, origem de parte dos escravizados trazidos ao Brasil.

O início da caminhada foi marcado por um clima de tensão, com protocolo de segurança rígido e temor de possíveis protestos. Mas o presidente francês entrou no clima local e passou a interagir com moradores e comerciantes, inclusive tocando instrumentos de percussão.

Na sequência, ele seguiu para o Museu de Arte Moderna da Bahia, onde visitou uma exposição do artista beninense Roméo Mivekannin, que estava presente no local, e participou da solenidade.

Mais tarde, Macron participou de um jantar com autoridades e nomes da cultura brasileira no Palácio Rio Branco. O jantar foi oferecido pelo empresário francês Alex Allard, que arrematou a concessão do palácio em 2022 para erguer um hotel de luxo.

Um comunicado do Palácio do Eliseu, sede da Presidência da França, informou que a etapa da agenda em Salvador é dedicada a confirmar a solidez da nossa parceria com o Brasil e o dinamismo dos intercâmbios culturais entre os dois países e parceiros africanos.

Na manhã desta quinta-feira (6), Macron parte para Belém (PA) onde participa da Cúpula dos Líderes, evento que reúne chefes de Estado antes da COP30, a conferência do clima da ONU, e para uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À noite, ele viaja para o México.