RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga um homem apontado como integrante do Comando Vermelho que teria viajado à Ucrânia para participar de treinamentos de guerra e aprender técnicas de combate. Segundo a Subsecretaria de Inteligência, o objetivo seria usar o conhecimento para fortalecer a atuação armada da facção no Rio.
Segundo a investigação, Philippe Marques Pinto, 29, deixou o Brasil ao menos três vezes com destino à Europa. Registros de viagem obtidos pela polícia indicam entradas em junho de 2023, junho de 2024 e setembro de 2025, sempre partindo do Rio em direção a Lisboa, rota que seria usada para acessar outros países do continente.
Em uma dessas viagens, ele partiu em 9 de setembro de 2025, chegando a Portugal no dia seguinte. Rússia e Ucrânia travam um conflito desde fevereiro de 2022.
A polícia afirma que ele permanece na Ucrânia. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Philippe.
A Delegacia de Repressão a Entorpecentes vai instaurar inquérito para apurar o caso. De acordo com a polícia, Philippe já possui anotações por tráfico de drogas e agora deve responder também por apologia ao tráfico e associação para o tráfico.
O suspeito é ligado a Antonio Hilário Ferreira, o Rabicó, chefe da facção no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
A investigação tem como pano de fundo o avanço da facção no uso de táticas paramilitares e armas de guerra. Durante operação contra o CV em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, a Polícia Civil apreendeu 120 armas, sendo 93 fuzis, além de explosivos, munição e equipamentos militares. A ação foi planejada durante mais de um ano terminou com 121 mortos.
O material incluía armamentos usados em conflitos internacionais, como AK-47, AR-10 e G3. Segundo a corporação, parte do arsenal veio de países como Venezuela, Argentina, Peru, Bélgica, Rússia e Alemanha, e havia fuzis desviados das Forças Armadas do Brasil e de outras nações sul-americanas.
A apreensão, que segundo a polícia gerou prejuízo de R$ 12,8 milhões à facção, reforçou a suspeita de que o grupo vem diversificando rotas e fornecedores internacionais de armamento.
Durante a operação, suspeitos chegaram a usar drones com explosivos para tentar conter o avanço policial. Vídeos divulgados pela corporação mostraram homens armados realizando treinamentos de tiro e manejo de armas em áreas de mata.




