BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – O chanceler Mauro Vieira afirmou que a cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) na Colômbia, à qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá, tem em sua pauta a solidariedade à Venezuela, alvo de pressão dos Estados Unidos, que tem feito ataques a barcos no Caribe ameaça realizar uma incursão terrestre no país caribenho.

“Essa reunião vai tratar da sua agenda, da sua pauta, e é um apoio, uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente [Lula], repetidamente, já disse —e é a posição da nossa política externa— que a América Latina e, sobretudo, a América do Sul, onde nós estamos, é uma região de paz e cooperação”, afirmou nesta quarta-feira (5). O encontro de líderes da Celac, em reunião conjunta com representantes da União Europeia, ocorrerá nos próximos dias 9 e 10.

Vieira disse que a possibilidade de uma declaração conjunta de apoio à Venezuela dependerá das negociações que acontecerão nos próximos dias.

Questionado, afirmou que não vê possibilidade de o movimento de solidariedade atrapalhar as tratativas entre Brasil e Estados Unidos para solucionar o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump.

“Nosso contato com os Estados Unidos diz respeito sobretudo às questões comerciais e tarifárias bilaterais”, disse.

No próximo dia 11, o ministro deve embarcar para o Canadá com o objetivo de participar de uma reunião do G7, grupo das maiores economias do mundo, na qual também deve estar presente o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. É esperada uma reunião entre eles.

Na terça-feira (4), Lula adiantou que a reunião do Celac terá como pauta a situação da Venezuela e o aumento da presença militar dos Estados Unidos na América Latina. O Brasil tenta se posicionar como mediador entre as partes.

Nos últimos meses, os EUA vêm bombardeando embarcações na costa sul-americana, supostamente por atuarem para o tráfico de drogas venezuelano (sem que existam provas disso).

Já foram mortas ao menos 66 pessoas nestes ataques, que aconteceram no Caribe e no oceano Pacífico. O esforço militar, que envolve o envio de navios para o Caribe e caças para Porto Rico, é visto como uma forma de pressionar Nicolás Maduro a deixar o poder. Washington afirma que o ditador lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é contestada por especialistas.

Nesta quarta-feira, Lula teve reuniões bilaterais com o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Sidi Ould Tah, com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, e com o presidente de Comoros, Azali Assoumani.

As agendas aconteceram no Museu Goeldi, em Belém, onde o petista está para a cúpula de líderes que antecede a COP30, a conferência sobre mudança climática da ONU (Organização das Nações Unidas).

Depois, Lula irá para a Colômbia e depois retorna para a capital paraense, para participar da abertura da conferência, que acontece no próximo dia 10.