SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A proposta de reforma do estatuto do Corinthians, que visa, entre outras mudanças, conceder direito a voto para sócios-torcedores, tem gerado atritos entre conselheiros do clube.
REFORMA DO ESTATUTO GERA CONFUSÃO
O debate entre Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo (CD), e representantes do Conselho de Orientação (Cori) terminou em confusão, na reunião do último dia 29 de outubro.
A reportagem teve acesso à ata do órgão fiscalizador, que relata o momento em que Tuma abandonou a reunião após forte discussão. O entrevero começou por uma proposta do secretário do Cori, Paulo Pedro, para a criação imediata de uma Comissão de Reforma Estatutária dentro do Conselho. A comissão seria formada pelo próprio Paulo, junto dos conselheiros Ademir Benedito, Felipe Ezabella, Carlos Senger e Alexandre Husni.
Ezabella, que é figura política importante do clube, criticou o projeto e o classificou como “imprestável”. Ele questionou a falta de critérios na aceitação das propostas, apontou supostas inadequações ligadas ao edital e à Lei Geral do Esporte, e defendeu a necessidade de “discussão aprofundada” e de se trabalhar “sem pressa”.
Na sequência, Romeu Tuma reagiu de forma incisiva. Ele assegurou que “todas as propostas foram analisadas”, citando que os prazos iniciais de votação, previstos para meados de 2024, já haviam sido excedidos em mais de um ano. Tuma também ressaltou que o Cori não havia apresentado sugestões para a reforma, mesmo após a reabertura do debate e da recepção de propostas.
O conselheiro Ademir Benedito, por sua vez, defendeu que o Cori deveria “receber o texto para dar parecer” antes do envio para deliberação do plenário, sem indicar a base estatutária para essa exigência. Benedito também manifestou discordância sobre a inclusão de um dispositivo referente à SAF no projeto.
A contestação prosseguiu quando Paulo Pedro questionou Tuma sobre a pauta de uma suposta convocação de reunião para 30 de novembro. Em entrevista recente, Tuma havia confirmado a intenção de levar a reforma estatutária para votação no CD em novembro, e a assembleia geral de associados em dezembro deste ano.
Tuma respondeu que se tratava de um encontro informal para discutir a organização das chapas do CD, mas, naquele momento, uma discussão acalorada se formou. Em seguida, ele abandonou a reunião, também de acordo com a ata.
Fui convocado para essa reunião de última hora, quando as atividades já estavam se iniciando, porque o [Leonardo] Pantaleão [vice-presidente do CD], que representa o Conselho no Cori, não pôde comparecer naquela data. Fui para esclarecer tudo o que fosse relacionado à atuação do Conselho Deliberativo, com muita tranquilidade e transparência. Porém, me deparei com uma situação de ataques infundados e desrespeito crescente por parte de alguns membros do Cori. Respondi tudo com respeito, mas com veemência, porque não poderia tolerar impassivelmente a forma como escolheram conduzir a reunião. Quando entendi que minha presença não era mais necessária, me retirei e dei o assunto por encerrado.Romeu Tuma Jr., em contato com o UOL
A reportagem apurou que Tuma tem enfrentado certa resistência de conselheiros à reforma do estatuto, principalmente pela aprovação ser em voto aberto e por blocos de temas. No entanto, o representante do Conselho afirmou “que irá cumprir o calendário” a que se comprometeu.
Em comunicado enviado ao Conselho, Tuma confirmou as reuniões e informou que a votação da reforma do estatuto, em plenário do CD, deve ocorrer no dia 24 de novembro.




