BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou que a tragédia de Mariana (MG), que completa dez anos nesta quarta-feira (5), não foi um desastre, mas um crime e também lamentou a falta de punição aos envolvidos.
Boulos e a ministra Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) participaram de manifestação do Movimento e Atingidos por Barragens (MAB) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Esta foi a primeira viagem do psolista desde que assumiu o cargo, na última semana.
“Desastre é algo que é inevitável, por causas naturais, ali não. Ali foi um crime cometido pela Samarco. E o crime demanda reparação”, afirmou.
Procurada, a mineradora disse que não irá comentar.
O ministro também lamentou a absolvição de todos os réus denunciados pelo episódio.
Em novembro do ano passado, a Justiça Federal absolveu a mineradora Samarco e suas controladoras, Vale e BHP, além de outros sete réus pelo rompimento da barragem de Fundão, que causou a morte de 19 pessoas.
O argumento utilizado na decisão foi a “ausência de provas suficientes para estabelecer a responsabilidade criminal”. O Ministério Público Federal recorreu da decisão.
“É lamentável que quem cometa um crime dessa dimensão não seja punido. Demorar dez anos e ainda o resultado ser uma absolvição completa dessas pessoas não é razoável, porque quando você deixa um crime impune e sem reparação, isso é um convite pra reincidência”, disse o ministro.
Boulos também aproveitou a ocasião para destacar a ausência do governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à Presidência, na data que marca os dez anos da tragédia.
“Eu só lamento que numa data tão importante para o povo mineiro, tão simbólica, o governador não esteja aqui. O governador esteja novamente em viagem para o exterior. Porque não foram danos, não foram 19 vítimas, pura e simplesmente. Foram comunidades desterritorializadas, danos ambientais que persistem até hoje”.
Procurado, o governo de Minas não respondeu. Zema não está em viagem ao exterior, mas cumpre compromissos nesta quarta no Rio de Janeiro, conforme agenda oficial.
Em uma delas, ele irá se reunir com Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope e idealizador do filme “Tropa de Elite”. O governador tem criticado de forma reiterada as políticas de segurança pública do governo Lula (PT) como forma de alavancar sua pré-candidatura à Presidência.
Já a ministra Macaé Evaristo, que é mineira, afirmou que as tragédias de Mariana e de Brumadinho devem ser relembradas para que não sejam repetidas.
“Muitos desses crimes começam quando se autoriza o funcionamento desse tipo de empreendimento. A gente precisa avançar do ponto de vista da legislação e temos projetos de lei tramitando que tratam disso, do licenciamento, quais as condicionalidades, o que precisa ter para que a gente não permita que isso se repita”, afirmou a ministra.




