BELÉM, AL (FOLHAPRESS) – Manifestantes se reuniram na manhã desta quarta-feira (5) em frente ao prédio da Vale, em Belém (PA), para protestar pelos dez anos desde o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), maior desastre ambiental da história do país.
Com cartazes que diziam “A Vale mata rio, mata peixe e mata gente” e mãos sujas de lama, o pequeno grupo, com cerca de 20 pessoas, disse que não cairia “no mar de lama de mentiras” da mineradora.
Procurada, a Vale não se manifestou até a publicação desta reportagem.
“Sua propaganda não adianta, só quando sua prática chegar perto dos seus discursos”, gritaram os manifestantes.
A empresa é uma das financiadoras da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, e investiu R$ 980 milhões por meio do Programa Estadual Estrutura Pará nas obras do Parque da Cidade, que abrigará a Blue Zone e a Green Zone, principais zonas de discussão do evento. O protesto aconteceu um dia antes do início da cúpula dos líderes na capital paraense.
“Para nós foi um impacto muito grande chegar [em Belém] e ver os outdoors, a propaganda da Vale. A gente sabe que a Vale não está preocupada com pessoas, nem com o meio ambiente. Ela destruiu, e segue destruindo, toda a bacia do rio Doce e a bacia do Paraopeba de Brumadinho”, disse Letícia Oliveira, membro da coordenação nacional do MAB (Movimento de Atingidos pelas Barragens).
Em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem da Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 20 pessoas e despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro na bacia do rio Doce.
Os manifestantes pediram por justiça, com condenação dos responsáveis pelo rompimento, e afirmaram que após dez anos ainda não houve reparação de danos efetiva e integral. “Até hoje, centenas de pessoas nunca receberam nada das empresas. Foram atingidas, tiveram a vida destruída e não receberam nenhum tipo de reparação”, disse Letícia durante o ato.
Além do evento simbólico em Belém, o MAB organizou uma manifestação em Belo Horizonte (MG) com o tema “É tempo de avançar por reparação integral e soberania popular”, com presença de representantes do governo federal, parlamentares, lideranças de atingidos e movimentos sociais.
O movimento afirma que comunidades tradicionais e atingidos pelas barragens devem participar do processo de reparação, assim como devem das decisões sobre crise climática. Durante a COP30, mil atingidos participarão da Cúpula dos Povos.




