Da Redação

O número de casais formados por pessoas do mesmo sexo cresceu de forma expressiva no Brasil nas últimas décadas. Dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que o país registrou um aumento de 727% nas uniões homoafetivas entre 2010 e 2022 — passando de 58 mil para 480 mil lares. Ainda assim, essas uniões representam apenas 0,7% do total de domicílios brasileiros.

O levantamento abrange a população com 10 anos ou mais, excetuando moradores de terras indígenas. O crescimento é reflexo tanto do avanço dos direitos civis da comunidade LGBTQIA+ quanto de uma maior disposição das pessoas em declarar oficialmente suas relações.

Entre os casais homoafetivos, 58% são formados por mulheres e 42% por homens. O recorte racial aponta predominância de pessoas brancas (47,3%), seguidas de pardas (39%) e pretas (12,9%). No entanto, entre as mulheres, as pretas representam proporcionalmente o maior grupo, com 1,7%. Entre os homens, os indígenas aparecem com 1,3%, à frente de brancos e pretos, ambos com 1%.

A maioria das uniões segue um formato consensual, ou seja, sem registro em cartório ou cerimônia religiosa — categoria que representa 77,6% dos casos. Casamentos civis somam 13,5%, os civis e religiosos 7,7% e os apenas religiosos 1,2%.

Quanto à religião, 45% dos entrevistados se identificam como católicos, 13,6% como evangélicos e 19,5% pertencem a outras crenças. Já 21,9% afirmaram não ter religião. Em relação à escolaridade, 42,6% possuem ensino médio completo ou superior incompleto, e 31% têm diploma universitário.

A concentração de uniões homoafetivas é maior no Sudeste (48,1%), seguido pelo Nordeste (22,1%).

O reconhecimento legal dessas uniões é recente. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que casais do mesmo sexo têm os mesmos direitos e deveres que os heterossexuais, abrindo caminho para o registro de uniões estáveis homoafetivas. Dois anos depois, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) consolidou o avanço ao obrigar cartórios de todo o país a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a não recusar o registro.

Desde então, o que era invisível em números começa a aparecer nas estatísticas — revelando um Brasil mais diverso e disposto a reconhecer diferentes formas de amar