RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Pedro Matos tem a possibilidade de se tornar campeão mundial de kitesurfe em casa. Atual segundo colocado do ranking, o brasileiro chega à Praia da Taíba, no Ceará, como um dos postulantes ao título —ele tem 2290 pontos, atrás apenas do italiano Airton Cozzolino, 2450. A etapa começa nesta quinta-feira (06).

Nascido no Rio de Janeiro, Pedrinho, como é conhecido, acredita que o título pode se tornar um marco para a modalidade no país e, quem sabe, o estopim para um movimento que pode ser visto no surfe.

Acho que, caso venha, seria um título com um impacto muito positivo, seria maravilhoso para mim e também para o esporte, que vem crescendo muito no Brasil. Vou poder inspirar muitas pessoas, abrir os olhos para o kite… E poder finalizar esse ano em casa, acho que é o melhor presente. Um bom resultado seria para fechar uma temporada extraordinária.Pedro Matos

Em março, ele se tornou o primeiro brasileiro a levantar o título na praia de Ponta Preta, em Cabo Verde, etapa de estreia do torneio —passou ainda por Sylt, na Alemanha, e Dakhla, no Marrocos. Ele tenta o bi, uma vez que foi campeão mundial em 2016, ainda pela IKA, International Kite Association.

O kite tem crescido muito. Acredito, sim, que um título pode abrir muitas portas e vai ter um ‘spotlight’ grande na modalidade. É um esporte muito irado e acho que falta visibilidade. Acredito que uma conquista desse porte possa ajudar com isso.

O Brasil tem, atualmente, três atletas no top 10 da competição. Gabriel Benetton ocupa a terceira colocação, com 2060 pontos, e Sebastian Ribeiro é o oitavo, com 1470. O país ainda tem Artur Morais em 21º.

“Acredito que, cada vez mais, vai ter mais brasileiros, até porque as marcas de kite estão olhando para o Brasil. E nesta quarta-feira (05) em dia, como o esporte está crescendo, as pessoas têm mais acesso. O kite ainda é um esporte muito caro, mas se começa a ter mais acesso, mais pessoas praticando… E isso também abre muitas portas”, disse.

“Eu, o Gabriel e o Sebastian, que nesta quarta-feira (05) somos os três melhores brasileiros competindo, estamos cada vez mais bem colocados no ranking, cada vez mais nos adaptando melhor às condições. E acredito que vamos permanecer por muito tempo ainda disputando títulos, o que vai ser muito bom para o Brasil”, completou.

Entre as mulheres, Kesiane Rodrigues, que é natural de Fortaleza, é a terceira colocada —atrás da francesa Capucine Delannoy e de Camille Losserand, da Suíça. Ainda há as brasileiras Serena Luz, em 7º, Bruna Kajiya, Luana Saunier e Luiza Neto, empatadas em 16º.

Pedro, porém, aponta que o país ainda tem degraus a subir para fazer a modalidade ser fonte mais constante para conquistas. “Eu sinto que ainda falta um pouco mais das marcas investindo nas competições. Por aqui, temos, praticamente, só o Mundial. Acho que falta esse calendário, é uma modalidade que tem espaço para evoluir nesse patamar de alto rendimento”.

O atleta já está no Ceará para treinamentos e adaptação às condições do mar. “É uma condição que não a que costumo velejar. O swell que dá aqui é mais um swell de vento, é um pouco picado, as ondas não são tão retinhas e o vento é diferente. Então, é um lugar que eu quero me adaptar melhor. É um lugar onde você tem de treinar bastante com a estratégia”.

Pedro é de uma família de esportistas. Ele é filho de Pedro Matos, campeão mundial de voo livre, e irmão de Kyra Gracie, campeã mundial de jiu-jítsu. “Minha mãe, meu pai, meu padrasto, eles todos vão vir pra cá e vai ser muito bom porque ter a família por perto dá um gás, Muito feliz de tê-los e espero poder dar esse presente pra eles”.