SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos mataram mais duas pessoas em uma embarcação no oceano Pacífico nesta terça-feira (4), afirmou o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, ao anunciar mais um dos ataques que viraram rotina na região no último mês.
Ao divulgar a ação, o chefe da pasta repetiu a linguagem bélica que tem caracterizado os anúncios e afirmou que o barco carregava drogas -acusação feita em todos os ataques anteriores e para a qual Washington ainda não apresentou evidências.
“Informações de inteligência confirmaram que a embarcação estava envolvida no contrabando de narcóticos, transitando por uma rota conhecida de tráfico de drogas e transportando entorpecentes”, disse Hegseth. “Nenhum membro das forças americanas ficou ferido no ataque, e dois narcoterroristas do sexo masculino -que estavam a bordo da embarcação– foram mortos.”
Com o último ataque, pelo menos 66 pessoas foram mortas pelos EUA nos últimos dois meses em operações ilegais, de acordo com especialistas. O direito internacional não permite ataques contra pessoas que não ofereçam perigo iminente a não ser que se tratem de combatentes inimigos em um contexto de conflito armado -do contrário, seria apenas assassinato.
Em nenhum dos casos os suspeitos foram interceptados ou interrogados, e Washington tampouco divulgou provas de que seus alvos estivessem envolvidos com o tráfico de drogas ou representassem uma ameaça aos EUA.
A rota marítima também não é a principal via de tráfico para o país norte-americano –especialistas dizem que o Caribe, onde a maioria dos ataques ocorreu, é responsável por cerca de 10% da cocaína e por uma quantidade irrisória do fentanil que entra na nação.
O mais provável, portanto, é que o presidente dos EUA, Donald Trump, esteja usando o combate às drogas como pretexto para intimidar o líder venezuelano, Nicolás Maduro. Washington afirma que o ditador lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é negada por especialistas.
No último domingo (2), o republicano concordou, durante uma entrevista à emissora americana CBS, com a possibilidade de que os dias de Nicolás Maduro à frente da Venezuela estejam contados. O presidente disse duvidar de uma guerra com a Venezuela, mas, ao ser questionado sobre a queda do ditador em um futuro próximo, respondeu: “Eu diria que sim. Acho que sim, sim”.
O esforço militar envolve ainda o envio de caças para Porto Rico e um navio de guerra lança-mísseis para Trinidad e Tobago, que tem se mantido fiel a Washington. Na sexta-feira (31), o país caribenho, que fica a apenas 12 km da costa venezuelana, colocou seu Exército em alerta e convocou as tropas a retornarem aos quartéis em meio à tensão.
A embarcação havia chegado a Trinidad e Tobago no último domingo (26) e ficou no litoral da Venezuela até a quinta-feira (30). Como resposta, Maduro suspendeu um acordo energético com o país caribenho, que abriga parte dos migrantes venezuelanos e ameaça “a implementação de um exercício de deportação em massa”.




