RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em seu segundo dia de visita ao Brasil, o príncipe William, herdeiro do trono do Reino Unido, anunciou nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro, uma parceria internacional para proteger lideranças indígenas que atuam na defesa da amazônia.

O programa, batizado de “Protect the Protectors” (Proteja os Protetores), prevê assistência jurídica e um fundo de resposta emergencial para apoiar indígenas em situação de risco, incluindo evacuação, abrigos seguros e comunicações protegidas.

O objetivo é enfrentar o aumento da violência contra defensores ambientais na região, onde 393 casos foram registrados em 2023 e 2024, segundo dados citados durante o evento.

“Não podemos proteger as florestas enquanto seus defensores vivem com medo”, afirmou o príncipe em discurso no United for Wildlife Global Summit, realizado no Rio de Janeiro. “Devemos proteger os protetores, se quisermos garantir o futuro desses ambientes críticos.”

Foram as primeiras declarações públicas de William desde que chegou ao Brasil para agendas no Rio e na COP30. Na segunda (3), ele passou pelo Pão de Açúcar, pelo Maracanã e pela praia de Copacabana, mas teve apenas conversas particulares.

Nesta terça, visitou a área de proteção ambiental de Guapimirim, na baía de Guanabara, e plantou mudas de árvores de mangue e manteve a estratégia de não discursar nem falar com a imprensa.

A visita do príncipe ao Brasil ocorre em um momento delicado para a família real britânica, após a retirada dos últimos títulos e da residência oficial do príncipe Andrew irmão do rei Charles 3°, acusado de participação no escândalo sexual do americano Jeffrey Epstein.

A iniciativa de proteção de lideranças reunirá a Royal Foundation, a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), o Fundo Podáali, a Rainforest Foundation Norway e a Re:wild.

Representante de cerca de 750 mil indígenas em 110 milhões de hectares na Amazônia, a Coiab será responsável pela implementação do programa. “Defender nossos territórios é uma missão herdada de nossos ancestrais. Convidamos o mundo a se unir a essa luta global para proteger quem protege a Terra”, disse Toya Manchineri, coordenador da entidade.

O novo fundo, cujo valor ainda não foi divulgado, também buscará ampliar o monitoramento de ameaças e fortalecer sistemas de proteção indígenas, além de sensibilizar a comunidade internacional para os riscos enfrentados por defensores ambientais.

A parceria anunciada por William marca a primeira vez que a Royal Foundation atua diretamente na Amazônia e reforça o papel da região como prioridade global na proteção climática e dos direitos indígenas, disse a fundação, em comunicado.