SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O solo de dança “Entrevistas”, de Diogo Granato, não é embalado por música. O que se ouve ao fundo são registros de fala de um Bob Dylan notadamente irritado ou do saxofonista John Coltrane (1926-1967) elogiando o jazz.
Como o nome da apresentação indica, o som que é base para a coreografia de Granato parte de entrevistas de artistas -além de Dylan e Coltrane, o bailarino também usa gravações de Tom Waits e Ella Fitzgerald (1917-1996).
“Entrevistas” tem apresentação única nesta sexta (7), às 20h, no Centro da Terra, espaço cultural em Perdizes, região oeste de São Paulo. Os ingressos partem de R$ 36 e estão à venda na plataforma Sympla.
A performance, o tom de voz e a troca de palavras em cada registro de áudio dita os movimentos de Granato, que segue em uma sequência de improviso, característica sempre presente em seus trabalhos.
“O Bob Dylan está brigando com a revista Time na entrevista, ele não deixa o entrevistador falar. Então isso gera um movimento mais agressivo, forte, de quedas”, diz.
Em contrapartida, a fala de John Coltrane, gravada após um show de Miles Davis, tem tom meloso e inspira outro tipo de coreografia, segundo Granato.
O fato de serem gravações em inglês não interferem na interpretação nem do bailarino, nem do público, uma vez que a base é o som de cada registro. “Isso facilita ao público enxergar melhor o trabalho do movimento com a dança”, afirma.
Para a escolha do material, o bailarino buscou gravações informais, não editadas e que tivessem apenas duas vozes: o entrevistador e o entrevistado. Suas ideias iniciais eram artistas brasileiros como Tom Zé e Hermeto Paschoal (1936-2025), mas Granato teve dificuldade em encontrar o material adequado.
Selecionou, então, registros de artistas estrangeiros que admira e que inspiram sua trajetória profissional, como explica na introdução de cada coreografia de “Entrevistas”.
Granato completa 30 anos de carreira em 2025. A improvisação é característica marcante ao longo de seu trabalho, que extrapola as apresentações solo. Ele também é curador de dança do Centro da Terra, espaço cultural na região oeste de São Paulo, e dirige três companhias de dança: Silenciosas, Paradisaeidae e Mais Companhia.
Ainda em novembro, o artista se apresenta no circo Caju, na Barra Funda, com outra coreografia improvisada. A performance acontece no dia 14, às 19h, e tíquetes estão à venda em Sympla.
Entrevistas
ENTREVISTAS
Centro da Terra – r. Piracuama, 19, Perdizes, região oeste
Sex. (7), às 20h. Ingr.: a partir de R$ 36 em Sympla




