SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (4) que teria sido um líder falso se tivesse esperado o final da COP30, em Belém, para anunciar o início da perfuração para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, criticada por ambientalistas.
“Se eu fosse um líder falso e mentiroso, eu esperaria passar a COP para anunciar”, disse o presidente em entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros. Ele lembrou que a Petrobras tem apenas uma autorização do Ibama para fazer testes na região, localizada na margem equatorial do estado do Amapá.
“Temos autorização para fazer o teste. Se a gente encontrar o petróleo que se pensa que tem, vai ter que começar tudo outra vez para dar licença”, disse Lula.
A Petrobras anunciou no último dia 20 que obteve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) a licença para a perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.
Segundo a estatal, a perfuração “está prevista para ser iniciada imediatamente” e deve durar cinco meses. Ou seja, estará em curso enquanto o planeta debate medidas para combater a mudança climática na COP30, em Belém.
Há a expectativa de que a bacia da Foz do Amazonas seja um novo pré-sal para o Brasil. Segundo ambientalistas, no entanto, a exploração pode causar danos ao meio ambiente e acelerar as mudanças climáticas.
Lula afirmou que a conferência do clima, prestes a começar na próxima semana em Belém, será “a COP da verdade” e “a melhor de todas”, apesar do momento político desfavorável à questão ambiental. Segundo o presidente, acabaram-se as palavras, agora é hora de agir. “Nós já tivemos várias COPs, muitas decisões foram tomadas, muitas decisões não foram executadas”, acrescentou.
O presidente comentou ainda o caos logístico provocado pela chegada de 50 mil visitantes na capital paraense, com o aumento exponencial dos preços de hospedagens. “Quando nós decidimos fazer a COP aqui no estado do Pará, a gente já sabia das condições do estado, já sabia das condições da cidade. E a gente decidiu fazer aqui porque a gente não queria comodidades, nós queríamos desafios. E nós queríamos que o mundo viesse conhecer a Amazônia”, afirmou Lula.
Entre as prioridades da COP30, Lula citou o programa TFFF (sigla em inglês para Florestas Tropicais Para Sempre), um fundo já anunciado pelo Brasil, que depositou nele mais de R$ 5 bilhões. Segundo Lula, não se trata de um fundo para doações, mas de investimentos, para trazer rentabilidade ao investidor, financiando os países que preservam suas florestas.
Lula também lembrou a ideia de criar um Conselho do Meio Ambiente, órgão ligado à ONU, que poderia acompanhar os resultados da COP.
Na mesma entrevista a jornalistas estrangeiros, Lula comentou duas crises recentes do seu governo. Sobre a Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, o presidente reprovou a atuação da polícia, com um saldo de 121 mortes.
“Houve a matança. Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela se deu. Nós temos até agora uma versão contada pela política, contada pelo governo do Estado. E tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam. Mas do ponto de vista da função de Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, afirmou.
Por fim, Lula disse que a equipe econômica do governo está preparada para prosseguir as negociações com os Estados Unidos, inclusive com uma reunião em Washington, na tentativa de reverter a sobretaxa imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros.




