SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar registra forte alta nesta terça-feira (4), com os investidores buscando a proteção da divisa norte-americana diante da preocupação com o momento econômico.
No Brasil, os analistas acompanham o primeiro dia de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central para definir a taxa de juros, e possíveis sinalizações de um ínicio de corte de juros. A expectativa é que seja mantida o índice de 15%.
Às 10h06 a moeda norte-americana subia 0,47%, cotada a R$ 5,383. No mesmo horário, a Bolsa caía 0,17%, a 150.189 pontos.
Na véspera, o Ibovespa, índice de referência da B3, fechou em 150 mil pontos pela primeira vez, em alta de 25% no ano.
O cenário doméstico de câmbio espelha, em grande medida, os pregões do exterior, com uma aversão global ao risco. O índice DXY, que compara a força da moeda norte-americana a outras seis divisas pares, subia 0,27%, a 100,14 pontos, nesta manhã.
No cenário doméstico, investidores acompanham a reunião do Copom do Banco Central para definir os juros brasileiros.
O Copom se reúne nesta terça e quarta-feira (5) para decidir sobre a taxa básica do país, hoje em 15% ao ano. O consenso do mercado é de manutenção do atual patamar até o fim de 2025, segundo o Boletim Focus desta segunda.
Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, os operadores do mercado financeiro estão particularmente atentos ao comunicado da decisão. “Eles querem saber se o BC revelará quais serão os critérios e exigências necessárias para começar um ciclo de corte novamente”.
No encontro passado, o Copom afirmou que manterá a Selic alta por tempo “bastante prolongado” para que a inflação convirja ao centro da meta de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
No Focus, o mercado ainda previu a taxa de juros em 12,25% no próximo ano, em 10,5% para 2027 e em 10% para 2028.
“O mercado antecipa um ciclo de corte de juros, reforçado por um Boletim Focus que sinaliza efeitos da política monetária. Com o Copom se reunindo na quarta-feira, o clima é de otimismo, especialmente em torno da ata, que poderá trazer maior clareza sobre o ritmo e a quando teremos os próximos cortes na Selic”, diz Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.
No exterior, os holofotes se voltam para a política de corte de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA).
O momento é particularmente sensível para o Fed que se vale dos números da economia para decidir sobre a taxa de juros. Sem a referência das publicações oficiais do governo, a autoridade se abastece de relatórios laterais para decisões de política monetária, embora reconheça que a ausência de dados “padrão-ouro” limita a visibilidade sobre a atividade.
Na reunião da semana passada, o Fed decidiu por estender o ciclo de cortes de juros em mais uma redução de 0,25 ponto percentual, repetindo a dose do encontro anterior, e levou a taxa à banda de 3,75% e 4%.
Novos cortes, porém, não estão garantidos. “Longe disso”, afirmou o presidente da autarquia, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a decisão. “Houve opiniões muito diferentes sobre como proceder em dezembro”, disse ele.
As autoridades do Fed reconheceram as limitações impostas pela paralisação do governo, e Powell afirmou que a solução para isso é adotar cautela. “O que você faz quando está dirigindo sob neblina? Você diminui a velocidade”, disse.
Segundo Leonel Mattos, os posicionamentos das autoridades do Fed têm feito os investidores apostarem menos em um corte de juros em dezembro.
“Esse movimento tem elevado os rendimentos dos títulos do tesouro americano, o que favorece a atração de investidores estrangeiros para o dólar e tem atuado para uma valorização global da moeda. Isso faz uma pressão altista sobre o real”, afirma.
Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.
Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.
Em relação ao Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.




