SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Morreu nesta terça-feira (04), aos 84 anos, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney. A informação foi confirmada pela família do político.
Cheney morreu após complicações de pneumonia e doenças cardíacas e vasculares. O empresário conviveu com problemas cardíacos durante grande parte da sua vida, tendo sofrido o primeiro ataque do coração aos 37 anos de idade.
Em 2012, ele havia passado por um transplante do coração. O ex-vice-presidente também era frequentemente internado com dores no peito, mas os médicos costumavam dizer que seu quadro cardíaco era estável, apesar de exigir cuidados.
“Somos abençoados por termos amado e sido amados por este nobre gigante”, disseram os familiares. “Dick Cheney foi um homem grandioso e bom que ensinou seus filhos e netos a amar nosso país e a viver vidas de coragem, honra, amor, bondade e pesca com mosca. Somos imensamente gratos por tudo o que Dick Cheney fez por nosso país”, acrescentou a família no comunicado.
QUEM FOI O POLÍTICO
Ele foi vice-presidente de 2001 a 2009. O republicano ex-congressista do Wyoming e ex-secretário de defesajá era uma figura importante em Washington quando o então governador do Texas, George W. Bush, o escolheu para ser seu companheiro de chapa na eleição presidencial de 2000, em que venceram.
Cheney foi considerado por historiadores como um dos vice-presidentes mais poderosos da história dos EUA. Ele lutou vigorosamente pela expansão do poder da presidência, por acreditar que este vinha sendo corroído desde o escândalo de Watergate. Ele também ampliou a influência do gabinete do vice-presidente ao formar uma equipe de segurança nacional que frequentemente atuava como um centro de poder por si só dentro do governo.
O homem é conhecido ainda por ter sido uma figura central na invasão do Iraque pelos EUA em 2003. Ele se posicionou fortemente para alertar o governo Bush sobre o perigo apresentado pelo suposto arsenal de armas de destruição em massa do Iraque. Nenhuma dessas armas, no entanto, foi encontrada.
Anos mais tarde, ele ainda acreditava que a invasão foi “acertada”. Embora nenhuma arma de destruição em massa tenha sido encontrada, ele insistiu, anos mais tarde, que a empreitada foi a decisão correta, com base nas informações de inteligência da época e na remoção do presidente iraquiano Saddam Hussein do poder.
Cheney foi chamado de “torturador” durante sua trajetória. Ele defendia técnicas de interrogatório “aprimoradas” de suspeitos de terrorismo, que incluíam afogamento simulado e privação de sono. Outros, incluindo o Comitê Seleto de Inteligência do Senado dos EUA e o relator especial da ONU sobre contraterrorismo e direitos humanos, chamaram essas técnicas de “tortura”.
No seu período como vice-presidente, os comediantes de programas de entrevistas noturnos se referiam a Cheney como Darth Vader. Ele minimizou a situação, brincando que se sentia honrado por ser comparado ao vilão de “Star Wars”, chegando até a se vestir de Vader para uma participação no “Tonight Show” para promover seu livro de memórias.
Durante os 10 anos como congressista, ele teve um histórico conservador, mas apoio a pautas conservadoras ao longo da vida política não foi uniforme. Ele votou consistentemente contra o direito ao aborto e contra a libertação do líder sul-africano Nelson Mandela, mas se manifestou a favor de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo o que atribuíram ao fato de uma de suas filhas, Mary, ser lésbica.
Sua filha, Liz Cheney, de 59 anos, também se tornou uma influente legisladora republicana. Ela serviu na Câmara dos Representantes de 2017 a 2023, mas perdeu seu assento após se opor ao presidente republicano Donald Trump e votar pelo seu impeachment na sequência do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por seus apoiadores. Seu pai, que concordava com ela, disse que votaria na candidata democrata Kamala Harris em 2024.




