RIO DE JANEIRO, RJ, E BARCELONA, ESPANHA (UOL/FOLHAPRESS) – Carlo Ancelotti afirma que já tem “17 ou 18 jogadores” da lista final de 26 convocados para a Copa do Mundo de 2026. nesta segunda-feira (3), depois de convocar a seleção brasileira para os amistosos contra Senegal e Tunísia, o italiano deu muitas dicas sobre quem serão seus escolhidos na busca pelo hexa.

O treinador comentou —de forma individual ou coletiva— sobre aspectos de praticamente todas as posições. São palavras valiosas que, somadas a outras entrevistas e a informações de bastidores, ajudam a entender quais as preferências do mister.

Ancelotti também afirmou que haverá cada vez menos testes, tanto nos amistosos diante dos africanos quanto na lista para os duelos de março. Os três principais alvos de observação desta vez são o atacante Vitor Roque, o volante Fabinho e o lateral-esquerdo Luciano Juba.

O treinador disse, ainda, que a convocação para o período de treinamentos antes da Copa já terá os 26 convocados; a Fifa permite que as seleções apresentem pré-listas e trabalhem com mais jogadores, mas o Brasil não usará esta prerrogativa.

GOLEIROS (UMA VAGA CERTA, DUAS EM DISPUTA)

No gol, o único que parece ter vaga cativa é Alisson, do Liverpool, que continua fora das convocações por causa de uma lesão no quadril. Titular nas duas últimas Copas, o gaúcho só não estará na lista final caso tenha problemas físicos.

Três goleiros brigam pelas duas vagas restantes: Ederson, do Fenerbahçe, volta a ser chamado após lesões e tem a seu favor a experiência em duas Copas e na elite do futebol europeu.

Bento, do Al-Nassr, continua na lista, mesmo sem jogar todas as partidas pelo clube saudita —ele apresenta bom desempenho nos treinos e nos jogos em que foi titular.

Hugo Souza, do Corinthians, foi titular apenas contra o Japão, e não se destacou. Mas a comissão técnica entende que é importante ter um goleiro especialista em pênaltis, para uma possível situação de disputa na Copa do Mundo. Em 2022, o Brasil caiu diante da Croácia, numa disputa em que Alisson não defendeu pênaltis.

LATERAIS (UMA VAGA CERTA, TRÊS EM DISPUTA)

Aqui está a grande interrogação da lista de Ancelotti. O cenário no lado esquerdo está aberto, mas parece haver dois favoritos: Alex Sandro e Douglas Santos.

O jogador do Zenit, da Rússia —mesmo ausente nesta Data Fifa por causa de lesão—, praticamente foi “convocado” pelo técnico para o Mundial.

“Fazemos testes para não nos equivocarmos no dia da lista final. Por isso fizemos testes. Na última eliminatória, encontramos um lateral-esquerdo muito bom, pouco conhecido, que é o Douglas Santos. Quero conhecer os jogadores da posição de perto, mas especialmente as pessoas”, disse o treinador.

Mas há vagas abertas, tanto que Caio Henrique e Luciano Juba foram convocados ao lado de Alex Sandro para a Data Fifa deste mês; Carlos Augusto, da Internazionale, foi testado nos duelos na Ásia, em outubro.

A lateral-direita também não tem um nome definido. Vanderson e Wesley até largariam na frente pela presença no maior número de convocações. Mas o jogador do Monaco perdeu a sua terceira chance por causa de lesão, e o atleta da Roma tem jogado pelo lado esquerdo, como ala.

Quem parece ter cortado caminho e ganhado espaço é Paulo Henrique, do Vasco, que fez gol contra o Japão e entrou bem diante da Coreia do Sul.

“Foi muito bem na primeira convocação, foi bem contra o Japão, merece estar aqui”, resumiu Ancelotti.

Vitinho do Botafogo, chamado duas vezes por cortes, corre por fora.

ZAGUEIROS (TRÊS VAGAS CERTAS, DUAS OU TRÊS EM DISPUTA)

A tendência é que Ancelotti leve pelo menos cinco zagueiros para a Copa, aproveitando o aumento no número de convocados de 23 para 26, vigente desde o Mundial do Qatar.

Éder Militão, Gabriel Magalhães e Marquinhos são os nomes certos: todos têm a confiança do treinador, experiência na elite europeia e são convocados com frequência.

O quarto elemento seria Alexsandro Ribeiro, do Lille: titular em três jogos com o treinador italiano, ele ficou fora das duas últimas listas por causa de uma lesão, mas agradou quando foi chamado.

O experiente Danilo é um caso à parte: seja com zagueiro ou como lateral, ele está nos planos de Ancelotti para a Copa.

“A ideia que tenho dele é que é o único defensor que pode cobrir as quatro posições. Jogar como lateral, direito ou esquerdo, e zagueiro. Eu gosto da experiência e liderança nele”, avaliou o treinador.

A eventual sexta vaga está aberta: Fabrício Bruno, perdoado depois dos erros contra o Japão, é um dos candidatos. Leo Ortiz, do Flamengo, e Lucas Beraldo, do PSG, também já foram chamados pelo técnico. Ancelotti gostaria de testar Bremer, da Juventus, mas os frequentes problemas de lesão têm impedido uma convocação.

MEIO-CAMPISTAS (TRÊS VAGAS CERTAS, DUAS OU TRÊS EM DISPUTA)

O meio-campo tem Casemiro e Bruno Guimarães não apenas como nomes certos na lista, mas como pilares do time titular. Foi assim sempre que Ancelotti pôde contar com a força máxima no comando da seleção.

O terceiro nome certo no meio-campo é Lucas Paquetá. Desde que voltou a poder ser convocado — após processo na Inglaterra —, o jogador do West Ham tem sido presença constante nas listas. A versatilidade agrada: Ancelotti já pensou em usá-lo até como primeiro volante em algumas situações de jogo.

Andrey Santos, do Chelsea, é outro que tem o caminho bem pavimentado para a Copa do Mundo. Mesmo sem ser titular na equipe inglesa, o meio-campista agrada pela força física e pela chegada ao ataque, características que mostrou principalmente nas últimas temporadas, pelo Strasbourg, da França.

As vagas restantes são alvo de uma disputa intensa: Fabinho, que estava longe da seleção desde a Copa, terá a oportunidade de mostrar serviço nos amistosos de Londres e Lille. Em convocações anteriores, André, João Gomes e Joelinton não conseguiram se consolidar.

Há também o caso de Gerson, que começou o ciclo com Ancelotti como titular, virou reserva, depois deixou de ser chamado quando se transferiu para o Zenit, da Rússia. Na convocação de outubro, ele estava machucado; nesta, não estava, mas mesmo assim ficou fora.

Andreas Pereira, pelas características de meio-campista criativo, também tem chances, mas depende da configuração da lista: caso Ancelotti aposte por um sistema 4-2-4, como na vitória contra a Coreia do Sul, as chances diminuem; se optar por jogar com dois volantes e um meia, o jogador do Palmeiras ganha terreno.

ATACANTES (CINCO VAGAS CERTAS, TRÊS EM DISPUTA)

No ataque, há pelo menos cinco jogadores que já conquistaram seu lugar na Copa: Vini Jr., Rodrygo, Raphinha, Matheus Cunha e Estêvão.

O quinteto, em maior ou menor grau, já mostrou para Ancelotti que merece uma convocação: Vini, Rodrygo e Raphinha lideram o ataque brasileiro durante praticamente todo o ciclo pós-Qatar. O atacante do Barcelona está machucado, mas voltará às listas assim que se recuperar.

Os casos de Matheus Cunha e Estêvão são diferentes: eles ganharam espaço para valer já sob o comando do italiano. Cunha é importante pela capacidade de organizar o jogo e distribuir a bola no ataque, além de exercer funções táticas de pressão na saída de bola e marcação.

Estêvão é uma aposta que tem dado certo: já marcou três gols sob o comando de Ancelotti. No esquema ofensivo com quatro atacantes proposto pelo treinador, ele tem papel importante em jogadas de 1 x 1.

Há outros três jogadores que, salvo uma queda muito brusca de performance, também estão próximos da vaga na Copa: Gabriel Martinelli, do Arsenal (fora desta lista por lesão), Luiz Henrique, do Zenit, e João Pedro, do Chelsea.

Com esses oito atacantes, restaria uma possível nona vaga.

Aí, a disputa é forte: Richarlison foi convocado em todas as listas de Ancelotti, mas não faz um gol pela seleção desde a Copa de 2022; Igor Jesus, do Nottingham Forest, e Pedro, do Flamengo, são as sombras do Pombo.

Vitor Roque, do Palmeiras, ganhou uma chance de ser testado nos amistosos deste mês e pode entrar na disputa. Antony vive boa fase no Bétis, mas continua fora das listas. Kaio Jorge e Samuel Lino também já foram convocados; porém, nenhum deles voltou a ser chamado.

Por fim, há o fator Neymar. A comissão técnica não trata o camisa 10 do Santos como indispensável, longe disso. A ideia é que Neymar precisa de três coisas para ser chamado: enfileirar uma boa sequência de jogos, além de estar bem, física e tecnicamente. Por enquanto, nenhuma das três se aplica.