BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após o Banco Central anunciar aperto nas regras para contas de clientes e capital mínimo de instituições, entidades que representam bancos e fintechs manifestaram apoio às medidas, enquanto instituições de menor porte disseram temer que o aumento do capital mínimo exigido pelo regulador se transforme em uma barreira para novos negócios.
Para instituições de pagamento, o valor ficava antes entre R$ 1 milhão e R$ 9 milhões, mas agora vai variar de R$ 9,2 milhões a R$ 32,8 milhões.
O presidente da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), Diego Perez, disse à Folha de S.Paulo ter recebido ligações de associados em tom pessimista. A entidade representa mais de 800 associados de segmentos e portes distintos.
Na visão dele, empresas que queiram desenvolver produtos inovadores estarão menos dispostas a tomar risco, e o momento será oportuno para fusões e aquisições.
“Pequenas empresas que vão ter que se adaptar em até dois anos talvez unam forças, se juntem para diminuir o esforço de capitalização”, afirmou. “Empresas já capitalizadas que têm dificuldade de crescer ou estão buscando desenvolver um produto novo vão recorrer à aquisição de outras empresas em vez de se desenvolver internamente.”
O regulador prevê um cronograma de transição de dois anos, até o enquadramento total a partir de 1° de janeiro de 2028, prazo visto pelo presidente da ABFintechs como razoável. A entidade esperava uma exigência menor do BC, de em torno de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões, mas ainda vê espaço para negociação.
Até 30 de junho de 2026, pode ser mantido o capital social integralizado e o patrimônio líquido mínimos exigidos pelas regras vigentes atualmente.
De 1º de julho de 2026 a 31 de dezembro de 2027, esse valor deve ser acrescido gradualmente da diferença entre o valor exigido pelas novas regras e o anterior, nos seguintes percentuais: 25% até 31 de dezembro de 2026, 50% até 30 de junho de 2027 e 75% até 31 de dezembro de 2027.
A Zetta, que representa instituições como Nubank e Mercado Pago, disse aprovar as mudanças. A entidade afirmou que as medidas “fortalecem os mecanismos de proteção já existentes, adicionando mais transparência e segurança”.
“Reafirmamos apoio a iniciativas que reforcem a higidez do sistema financeiro e de pagamentos sem comprometer a inovação ou criar barreiras à ampla concorrência”, acrescentou.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) manifestou “apoio irrestrito” à determinação de fechamento compulsório de contas ilegais e disse classificou como oportuna a nova metodologia para apuração do capital mínimo obrigatório das instituições financeiras.
“Os novos normativos fortalecem a robustez do sistema e corrigem distorções e arbitragens regulatórias, promovendo maior equilíbrio e resiliência ao sistema financeiro”, afirmou.
Quanto ao encerramento das contas-bolsão, a Febraban destacou que as ações representam “resposta mais firme e estratégica” para proteger o sistema financeiro.
A ABBC (Associação Brasileira de Bancos) também manifestou apoio integral às medidas. Para a entidade, o cronograma de transição permitirá que as instituições se ajustem gradualmente sem sobressaltos.




