BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, registra a pior aprovação do seu segundo mandato em termos numéricos, com 37% dos americanos aprovando seu trabalho na Casa Branca e 63% desaprovando, de acordo com pesquisa da emissora CNN realizada pela empresa SSRS.
A pesquisa foi realizada do dia 27 a 30 de outubro e ouviu 1.245 eleitores, online ou por telefone. A margem de erro é de 3,1 pontos para mais ou menos e nível de confiança de 95%.
A desaprovação de 37% é parecida com a de 36% que Trump registrou no mesmo momento de seu primeiro mandato, de acordo com a CNN. Numericamente, a desaprovação é também um ponto percentual acima da maior que Trump já teve, mesmo considerando seu primeiro mandato -em janeiro de 2021, quando ele estava deixando o cargo, a desaprovação foi de 62%, ainda segundo a emissora americana.
A pesquisa sugere ainda um cenário positivo para o Partido Democrata, fragilizado e fragmentado após o retorno de Trump à Casa Branca.
São 67% os americanos democratas ou que costumam votar nos democratas que se sentem extremamente motivados para votar em 2026, as eleições de meio de mandato em que o Legislativo federal pode ser reformulado. No caso de eleitores republicanos, esse número marca 46%.
Nas duas Casas do Congresso, o Partido Republicano conta com maioria: 219 a 213 na Câmara e 53 a 47 no Senado.
São 47% de eleitores registrados dizem que votarão em democratas em seu distrito eleitoral, e 42%, em republicanos. Além disso, a pesquisa mostra que 41% dos eleitores dizem que vão votar para mandar uma mensagem de oposição a Trump, enquanto 21% dizem que votarão para apoiar o presidente.
As eleições de meio de mandato nos EUA são um importante termômetro da capacidade do presidente de consolidar a preferência eleitoral que o levou à Casa Branca. São nesses momentos que maiorias Legislativas são construídas ou destruídas, e as agendas do Executivo têm mais ou menos força para se impor.
Em alguns estados, mudanças no desenho dos distritos eleitorais podem aumentar as chances dos partidos de mudar a composição das Casas federais –a prática é conhecida como gerrymandering. O país vive hoje disputa em grandes estados, como Texas e Califórnia.
O Texas, de maioria republicana, aprovou em agosto o redesenho de seus distritos eleitorais, medida apoiada por Trump que reorganiza as subdivisões para consolidar maiorias em áreas dos estado em que a disputa é mais acirrada.
Na Califórnia, estado de maioria democrata, legisladores estaduais aprovaram no dia seguinte à medida do Texas um redesenho com os mesmos objetivos, mas de cor trocada: em referendo nesta terça-feira (4), os californianos vão decidir se passa a valer o novo mapa, que pode dar mais cinco cadeiras aos democratas.
A pesquisa também captou percepções dos eleitores a respeito do país e da economia -e o cenário é também de insatisfação com o governo Trump.
Dos entrevistados, 68% dizem que o país vai mal, e 72% responderam que a economia está em más condições. Além disso, enquanto 47% dos entrevistados afirmam que a economia e custo de vida são a principal questão do país, 61% dizem que as medidas tomadas pelo presidente pioraram as condições econômicas dos EUA.
O país chega nesta terça-feira a 34 dias de “shutdown”, cenário em que a ausência de aprovação do Orçamento federal no Congresso congela o governo, o que leva a demissões e suspensão de serviços essenciais.
O governo Trump acusa os democratas de provocarem o bloqueio, e a Casa Branca criou um site com cronômetro marcando o tempo de shutdown com uma série de informações de supostos impactos econômicos pelo país.
A pesquisa, no entanto, mostra que 61% dos entrevistados desaprovam a forma como o presidente tem manejado a questão -58% também desaprovam a forma como as lideranças dos dois partidos estão lidando com o bloqueio.
Em abril, um levantamento Reuters/Ipsos mostrou que 37% dos entrevistados aprovavam a maneira como Trump estava gerindo a economia, 5 pontos percentuais abaixo de logo após ele assumir o cargo, em janeiro.
Trump iniciou seu mandato com uma agenda econômica agressiva, provocando guerras comerciais ao impor tarifas sobre parceiros dos EUA, pressionando o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) a se curvar à sua vontade e desencadeando as piores perdas nos mercados desde os primeiros meses da pandemia da Covid-19 há cinco anos.
Nesta pesquisa Reuters/Ipsos de abril, 76% dos entrevistados disseram temer a chegada de uma recessão. Cerca de 56% dos entrevistados na ocasião, incluindo 1 vem cada 4 republicanos, afirmaram que as medidas de Trump para a economia eram “muito erráticas”.




