SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Banco Central mira remuneração de assessores financeiros na venda de CDBs, numa reação ao caso Master.
Também aqui: montadoras alertam, governo pede e chineses cedem na crise dos chips e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (3).
**IMPREVISTO PREVISÍVEL***
O caso do Master faz com que os técnicos do Banco Central se perguntem como não previram a confusão que viria pela frente.
RECAPITULANDO
O BRB tentou adquirir 58% do Master, mas a análise dos ativos revelou aplicações de baixa liquidez e retorno incerto. O Banco Central barrou a operação.
O Master havia emitido CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com taxas de rendimento acima da média, apoiado na garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para atrair investidores.
Se o banco não honrar seus pagamentos, o fundo terá de cobrir boa parte desses clientes até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição.
O QUE HÁ DE NOVO
O Banco Central estuda mudanças para atacar um dos pontos vistos como cruciais para turbinar as vendas de ativos do Banco Master, que é a remuneração de assessores financeiros na venda de títulos bancários.
Quando vende um ativo, o assessor está pensando no próprio bolso ou na qualidade do que oferece ao cliente? E, do outro lado, o cliente sabe que esse tipo de conflito de interesses faz parte do jogo?
↳ A discussão apareceu em outro caso, envolvendo a venda de COEs (Certificados de Operações Estruturadas) lastreados a ativos da Ambipar e da Braskem, que perderam valor e deixaram investidores no prejuízo. Entenda aqui.
COPIA, SÓ NÃO FAZ IGUAL
As discussões se inspiram nas regras criadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para títulos e valores mobiliários, como ações, que estão em vigor há um ano.
Tem gente no mercado que defende que as instituições deveriam arcar de alguma forma com eventuais perdas em casos similares ao do Master ou que os próprios bancos tenham um teto de captação via plataformas. O BC não gostou da ideia.
NA RETA
BTG Pactual e XP Investimentos estão na mira de outras instituições financeiras por venderem boa parte dos títulos do Master, no caso da criação de uma regra que penalize os vendedores por abrirem um rombo no FGC.
Se o Master quebrar, a maioria da conta ficará com os maiores bancos do país: Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander.
Como emitem CDBs, XP e BTG também vão arcar com as perdas de forma proporcional não sem ouvir reclamações dos colegas.
**EMBARQUE AUTORIZADO**
O medo move montanhas. O temor das montadoras brasileiras de ficar sem chips para seus carros cada dia mais inteligentes movimentou o governo, que, por sua vez, cutucou os chineses.
RECAPITULANDO
A produção nacional de automóveis estava sob ameaça de paralisação por uma crise originada pela Nexperia, holandesa que é uma das principais fabricantes globais de semicondutores, hoje subsidiária da Wingtech, de origem chinesa.
1 – Em outubro, o governo holandês destituiu o presidente chinês da companhia por meio de ordem judicial.
2 – Pequim não perdeu tempo em responder: impôs restrições à exportação de componentes e tecnologias produzidas pela Nexperia em território chinês.
3 – A decisão limitou o envio de chips e peças montadas em fábricas da empresa no mundo todo.
A decisão desesperou montadoras no Brasil, que temeram ser obrigadas a interromperem a produção devido a uma possível falta de semicondutores.
FURANDO A BARREIRA
A queixa das empresas, representadas pela Anfavea, mobilizou o Planalto. Geraldo Alckmin, vice-presidente e chefe do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) intercedeu pelo setor com representantes chineses.
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, comunicou à Anfavea que empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo. Licenças para importação serão concedidas a partir da análise de cada caso.
O problema maior tem nome e sobrenome: as Sras. Terras Raras. O Brasil começa a perceber que competir por esses insumos é um jogo estratégico e que precisa aprender as regras rápido.
**ÁGUA NO NEGRONI**
Jogaram água no negroni da Campari. A bebida que leva gin, vermute, uma rodela de laranja e gelo pode ver seu ingrediente principal em falta o licor vermelho vivo e amargo que caracteriza o drink clássico.
A Justiça italiana ordenou a apreensão de cerca de 1,3 bilhão de euros (R$ 8 bilhões) em ações da holding que controla a fabricante de bebidas Davide Campari-Milano NV, a luxemburguesa Lagfin SCA.
DO NADA?
A determinação é parte de uma investigação por fraude fiscal, que apura a sonegação de impostos sobre ativos transferidos para o exterior.
A empresa maior, a Lagfin, não teria pago cerca de 5,3 bilhões de euros (R$ 33 bilhões) em tributos sobre ganhos de capital gerados no momento em que ela absorveu a subsidiária italiana que detinha a Campari.
Para os promotores italianos envolvidos no caso, a aquisição da Campari pela Lagfin transferiu efetivamente a gestão e a base tributária da companhia para outro país e a empresa deveria ser cobrada por isso.
BLITZ NO CAMINHO
A investigação faz parte de um esforço da Justiça italiana para apertar a fiscalização sobre empresas que se reestruturam e se realocam para evitar o regime fiscal do país.
É um movimento que ganha força em empresas tradicionais, como a Campari, que procuram países com menos encargos para mudar a sede financeira, mas deixam parte significativa das operações na nação de origem.
De um lado a Itália reivindica a perda de arrecadação com essas operações. É uma questão de ou vai ou fica: não dá para ter operações lá e usar uma gambiarra na hora de pagar impostos.
Do outro as empresas justificam que é assim que multinacionais funcionam. Elas alocam cada parte da operação onde há maiores benefícios para determinada atividade. Não estão fazendo nada fora do padrão global.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
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