BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A mobilização diplomática do governo brasileiro para evitar o desabastecimento de chips no mercado nacional dá sinais de que surtiu efeito junto à China. O governo chinês concordou em analisar a concessão de uma “autorização especial” às empresas brasileiras que estiverem com dificuldades para importar os chips.
A medida abre caminho para o fim do embargo às importações de semicondutores da Nexperia, que pode levar ao desabastecimento dos fornecedores de autopeças no país e a consequente paralisação da indústria automotiva.
Segundo informe feito neste sábado (1°) à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) pelo Embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, as empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo por meio da Embaixada ou diretamente com o Ministério do Comércio da China. A China concederá a licença para importação a partir da análise de cada caso.
Também em comunicado neste sábado, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) afirmou que o governo chinês abriu diálogo com as montadoras brasileiras para manter o abastecimento de chips utilizados na fabricação dos automóveis.
A iniciativa do governo chinês ocorreu após conversas do vice-presidente e ministro do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Geraldo Alckmin, com a Embaixada da China no Brasil. Alckmin pediu prioridade no fornecimento dos chips às fábricas do Brasil.
“A rápida resposta do governo brasileiro frente ao alerta feito pela Anfavea permitiu a abertura de canais de diálogo antes de o pior cenário se concretizar, que é o de paralisação de fábricas no país. Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias e dar suporte às empresas da cadeia de suprimentos para que possam reestabelecer as compras dos semicondutores o mais rápido possível e normalizar o envio de peças às fabricantes”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Como mostrou a Folha, a produção nacional de automóveis corre o risco de ser paralisada devido a uma crise global que envolve um dos maiores produtores de semicondutores do mundo. Montadoras de todo o país podem interromper suas linhas de produção caso não haja uma solução para o impasse.
De acordo com o Mdic, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin foi informado na manhã deste sábado pelo embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, que o governo chinês vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro, no sentido de evitar o desabastecimento de chips necessários à produção de carros flex no Brasil.
A possível escassez nessa área é um reflexo das disputas internacionais em torno da fabricação de semicondutores envolvendo a China e os Estados Unidos, que travam uma guerra comercial.
O risco de escassez surgiu com a intervenção do governo holandês em uma empresa chinesa que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.
Em reação, o governo chinês suspendeu a exportação de semicondutores produzidos na fábrica localizada na China. Na ultima quinta-feira (30), China e EUA anunciaram um acordo comercial que abre perspectivas para uma possível resolução do problema.
Na última terça (28), Alckmin se reuniu com Anfavea, Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças) e representantes dos trabalhadores. O grupo pediu o apoio do governo brasileiro, junto ao governo chinês, para que o Brasil não seja prejudicado.
No comunicado, o vice-presidente afirma que a abertura do diálogo é uma excelente notícia e um passo importante indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade.
“A cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e tem impacto direto em outros setores, como siderúrgico, químico, plástico e borracha. Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”.




