SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O país caribenho de Trinidad e Tobago colocou seu Exército em alerta e convocou as tropas a retornarem aos quartéis nesta sexta-feira (31), após quase um mês de tensões entre Estados Unidos e Venezuela. O anúncio foi feito em comunicado das forças de segurança aos oficiais, ao qual a agência de notícias AFP teve acesso.

“Alerta máximo: com efeito imediato, as Forças de Defesa de Trinidad e Tobago estão em nível 1 de alerta. Todos os membros devem se apresentar em suas respectivas bases”, diz a nota das Forças Armadas. “Recomenda-se fortemente a todos que façam os arranjos necessários com suas famílias e os preparativos pessoais necessários para o confinamento.”

Formado por duas ilhas principais localizadas próximas ao delta do rio Orinoco, a apenas 12 km da costa venezuelana, Trinidad e Tobago se tornou palco da crise entre Washington e Caracas. Os EUA enviaram um navio de guerra lança-mísseis ao país no último domingo (26) e o deixaram parado em águas territoriais da Venezuela até a quinta-feira (30). Como resposta, o regime de Nicolás Maduro suspendeu um acordo energético que mantinha com o país caribenho.

A nação caribenha tem se mantido fiel a Washington a despeito da provável ilegalidade das ações americanas —já passa de 60 o número de mortos em bombardeios dos EUA no Caribe e no oceano Pacífico contra supostas embarcações com drogas em águas internacionais, cifra que inclui dois possíveis cidadãos de Trinidad e Tobago.

Os EUA afirmam que Maduro lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é negada por especialistas.

As ações militares são criticadas por governos da região, opositores e especialistas jurídicos, que não enxergam legalidade na ofensiva. O direito internacional não permite ataques contra pessoas que não ofereçam perigo iminente a não ser que se tratem de combatentes inimigos em um contexto de conflito armado —do contrário, seria apenas assassinato.

Na sexta-feira (31), o presidente Donald Trump afirmou que não cogita ordenar ataques dentro da Venezuela. O recuo aconteceu uma semana depois de o americano insinuar que poderia ordenar ações militares terrestres contra cartéis de drogas latino-americanos, sem mencionar Caracas diretamente.