BRASÍLIA, DF E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A ministra do Planejamento, Simone Tebet, se adiantou ao anúncio oficial da taxa de desemprego pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divulgou às 8h35 desta sexta-feira (31), em suas redes sociais, postagem revelando o que só viria a público formalmente às 9h.

“Brasil bate recorde histórico na taxa de desemprego!”, publicou o perfil da ministra no X (ex-Twitter), em mensagem logo apagada.

“A taxa de desocupação caiu para 5,6%, o menor nível desde o início da nova série da Pnad Contínua […]. Esse resultado reflete avanços consistentes na geração de empregos e na recuperação econômica do país.”

Às 9h, horário das divulgações conjunturais do IBGE, o instituto publicou os dados oficiais, em linha com o número adiantado pelo perfil de Tebet.

Procurado, o Ministério do Planejamento confirmou a postagem da ministra. “Foi um erro de publicação na plataforma, corrigido em poucos segundos”, escreveu a pasta em nota oficial.

A Folha de S.Paulo também pediu um posicionamento para o IBGE, mas não recebeu retorno até a atualização desta reportagem.

Dados como a taxa de desemprego são muito sensíveis porque podem ser utilizados por investidores em suas decisões.

Para evitar ruídos, o IBGE segue orientações internacionais voltadas a institutos de estatística. Assim, a ideia é garantir isonomia e previsibilidade aos usuários, evitando surpresas na apresentação das informações.

O IBGE costuma repassar a um grupo restrito de autoridades os dados conjunturais às 7h, sob sigilo, mas a divulgação para o público geral é uma prerrogativa do próprio órgão, segundo os ex-presidentes do instituto Roberto Olinto e Wasmália Bivar.

Eles afirmam que o compartilhamento prévio das informações visa permitir que as autoridades se preparem para eventualmente comentar os números.

Não há possibilidade de mudança ou questionamentos ao trabalho desenvolvido pelos técnicos do órgão, de acordo com Olinto.

Na visão dele, o episódio protagonizado por Tebet pode ser considerado um acidente, mas representa um erro sério de comunicação. “Há uma rotina de divulgação para garantir a credibilidade do instituto”, diz.

A taxa de desemprego de 5,6% ficou levemente abaixo do patamar de 5,8% registrado nos três meses encerrados em junho, que servem de base de comparação.

Com o resultado, o indicador voltou a marcar o menor nível da série histórica iniciada em 2012.

A mínima de 5,6% já havia sido verificada nos trimestres até julho e agosto de 2025. O IBGE, contudo, evita a comparação direta entre intervalos com meses repetidos, como é o caso dos finalizados em julho, agosto e setembro.