BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O príncipe Andrew mudou de nome. Oficialmente, a partir desta sexta-feira (31), o ex-nobre será referido apenas como Andrew Mountbatten Windsor, sem o acompanhamento de qualquer título ou honraria da monarquia britânica. Ele, no entanto, continuará sendo o oitavo na linha de sucessão.

O Reino Unido oficializou a retirada do nome de Andrew do Roll of Peerage, o registro que lista os membros da nobreza britânica, existente desde 2004. A medida foi tomada apenas um dia após o Palácio de Buckingham afirmar, nesta quinta-feira (30), que Andrew perderia seu título real e deixaria a mansão da Coroa britânica onde vive.

O aparente paradoxo tem relação com questões técnicas: embora não seja mais parte da realeza, uma mudança na linha sucessória é definida por lei.

Ou seja, depende de aprovação pelo Parlamento britânico e, no caso específico da hereditariedade da Coroa, também o consentimento de todos os países da Commonwealth dos quais o rei Charles 3º é o chefe de Estado —como o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia.

Craig Prescott, especialista na Constituição britânica da Universidade Royal Holloway ouvido pela BBC, afirma que o complexo processo político poderia insuflar movimentos republicanos nesses países, uma brecha que a monarquia britânica não estaria disposta a abrir.

Robert Hazell, professor no University College de Londres também ouvido pela emissora britânica, a última vez que o governo britânico buscou mudanças de leis sucessórias —para remover a regra de precedência de meninos sobre meninas— as negociações se arrastaram por dois anos.

Outro ponto levantado pelos especialistas é que abrir um processo legislativo do tipo poderia resultar em emendas para mudar outras regras e tirar outros membros da monarquia da linha sucessória, como o príncipe Harry, de passado envolto em polêmicas.

O primeiro sucessor do rei Charles 3º é o príncipe William. Depois, vêm seus três filhos: príncipe George, princesa Charlotte e príncipe Louis. O quinto na linha sucessória é o príncipe Harry, irmão de William, seguido de seus dois filhos, príncipe Archie e princesa Lilibet. Ou seja, a probabilidade de Andrew eventualmente ocupar o posto é muito baixa.

A decisão de retirar o título de Andrew foi tomada pelo rei Charles 3º, que é seu irmão, após denúncias do suposto envolvimento de Andrew no caso do financista americano Jeffrey Epstein, acusado de exploração e tráfico sexual.

“Essas censuras são consideradas necessárias, apesar de ele continuar negando as acusações contra ele”, afirma a nota divulgada pelo palácio. Apesar disso, o agora ex-príncipe de 65 anos continua sendo o oitavo na linha de sucessão ao trono do Reino Unido.

Ao sair do Royal Lodge, residência de 30 cômodos mantida pela realeza, Andrew deverá se mudar para uma propriedade privada, que, segundo a mídia local, será financiada com recursos próprios do rei, e não da Coroa. Esse processo acontecerá “o mais cedo possível”, de acordo com a emissora britânica BBC. As filhas de Andrew, as princesas Eugenie e Beatrice, manterão seus títulos.

Há duas semanas, Andrew já havia renunciado ao seu título de duque de York. “Em discussão com o rei e minha família imediata e ampla, concluímos que as contínuas acusações contra mim desviam a atenção do trabalho de Sua Majestade e da Família Real”, afirmou ele na ocasião, em referência ao suposto envolvimento com Epstein.

A relação de Andrew e Epstein foi denunciada por Virginia Giuffre, que acusou o então príncipe de tê-la abusado sexualmente e contratado serviços da rede de exploração sexual do americano.

No comunicado desta quinta, o Palácio de Buckingham ainda destacou que “seus pensamentos e sinceras condolências estiveram e continuarão estando com as vítimas e sobreviventes de todas as formas de abuso”.