SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com forte concorrência, o governo concluiu nesta sexta-feira (31) o leilão de equipamentos de transmissão de energia. O certame, que deve movimentar R$ 5,5 bilhões até 2031, teve participação de 19 empresas.

A concorrência fez o deságio ficar elevado: 47,98%, próximo à máxima dos últimos dois anos em certames de transmissão. O valor foi considerado relevante pelo governo federal.

A maior campeã foi a Axia Energia, ex-Eletrobras. A empresa arrematou dois lotes e receberá uma receita anual de R$ 138,7 milhões, metade do valor máximo estipulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Os lotes 6 e 7, arrematados pela Axia Energia, são vistos por especialistas como aqueles mais importantes para diminuir o volume de energia renovável cortada pelo ONS. Esse é o principal gargalo hoje do sistema elétrico do país e provoca a redução da expansão de usinas solar e eólica.

Os dois lotes englobam compensadores síncronos em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte, respectivamente, dois dos três estados que mais sofrem cortes do ONS.

Os investimentos do lote 6 somam R$ 825 milhões, e os do 7, R$ 805 milhões.

Ambos foram divididos em dois sublotes, todos arrematados pela Axia. O deságio médio do lote 6 ficou em 50,23%, acima dos deságios médios dos leilões de transmissão de 2023 e 2024, que variaram entre 40% e 49%. Já o desconto médio do lote 7 foi de 45,14%

Nos leilões de transmissão, vence a disputa aquela empresa que oferecer os maiores descontos em relação à RAP (sigla para a receita anual recebida pelas empresas) máxima estipulada pela Aneel. Dez empresas participaram da disputa pelo lote 6 e nove pelo 7.

Já o lote 4, que previa a maior receita anual e os maiores investimentos, foi disputado por seis empresas. O fundo de investimentos em participações Warehouse, ligado ao BTG Pactual, foi o campeão da disputa, com um deságio de 47,30%. A empresa receberá uma receita anual de R$ 116,2 milhões.

A CPFL venceu a disputa do lote 3, o segundo com maior receita anual. A empresa, que vai operar ativos no Paraná e no Rio Grande do Sul, ofereceu um deságio de 53,93% e receberá anualmente R$ 81,16 milhões.

O lote 2, que conta com ativos de transmissão em Maranhão, Piauí, Pernambuco e Paraíba, foi arrematado pela Rialma, empresa da família do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. A concorrência precisou ir para o viva-voz, quando representantes das empresas anunciam pessoalmente suas ofertas —na ocasião a Rialma ofereceu um deságio de 36,73%, contra 35,07% da Axia.

A empresa de Caiado receberá uma receita anual de R$ 85,9 milhões para operar os ativos.

A EDP arrematou o lote 5, com ativos em Goiás —a empresa ofereceu um deságio de 49,18%. Já o FIP Shalom levou o primeiro lote, que conta com a construção de uma linha de transmissão subterrânea em São Paulo.