RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de desemprego do Brasil foi de 5,6% no trimestre até setembro, levemente abaixo do patamar de 5,8% registrado nos três meses encerrados em junho, que servem de base de comparação.

Com o resultado, o indicador voltou a marcar o menor nível da série histórica iniciada em 2012, de acordo com os dados divulgados nesta sexta (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A mínima de 5,6% já havia sido verificada nos trimestres até julho e agosto de 2025. O IBGE, contudo, evita a comparação direta entre intervalos com meses repetidos, como é o caso dos finalizados em julho, agosto e setembro.

O novo resultado ficou praticamente em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que estava em 5,5%, conforme a agência Bloomberg.

Os dados do IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento investiga tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal.

Em entrevista, a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, foi questionada se a marca de 5,6% seria uma espécie de piso para o desemprego, já que a taxa não conseguiu ficar abaixo desse nível até o momento.

A pesquisadora evitou cravar essa afirmação. “É muito prematuro afirmar isso a essa altura do campeonato”, disse. “Tem algumas mobilizações setoriais para dar conta de uma demanda de consumo que ainda virá”, acrescentou.

A fala da técnica é uma referência ao período de final de ano, que costuma mostrar queda no desemprego com a demanda sazonal por mão de obra em diferentes setores.

TEBET FURA IBGE

A divulgação desta sexta foi antecipada por uma publicação da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Ela se adiantou ao anúncio oficial do IBGE e divulgou às 8h35 uma postagem no X (ex-Twitter) com a taxa de desemprego, que só viria a público formalmente às 9h. A mensagem foi apagada.

Dados como a taxa de desemprego são muito sensíveis porque podem ser utilizados por investidores em suas decisões.

A informação é repassada antes pelo IBGE a um grupo restrito de autoridades, mas a divulgação oficial é feita pelo próprio instituto às 9h, a fim de evitar ruídos.

O Ministério do Planejamento disse que houve um erro de publicação e que a falha foi corrigida em poucos segundos. A reportagem também procurou o IBGE, que não retornou até a atualização desta reportagem.

NÚMERO DE DESEMPREGADOS ATINGE MÍNIMA DE 6 MILHÕES

O número de desempregados, que estão à procura de trabalho, foi estimado em 6 milhões até setembro. É o menor já registrado na série do IBGE.

O contingente recuou 3,3% na comparação com o trimestre até junho (menos 209 mil pessoas) e caiu 11,8% em um ano (menos 809 mil).

Já a população ocupada, que tinha algum tipo de trabalho, foi calculada em 102,43 milhões até setembro.

Isso significa uma leve variação positiva de 0,1% ante o intervalo até junho (mais 118 mil), mas dentro da margem de estabilidade da pesquisa.

Em relação a um ano antes, a população ocupada cresceu 1,4% (mais 1,4 milhão).

O novo resultado (102,43 milhões) está próximo do maior já registrado na série (102,44 milhões). A máxima foi encontrada no trimestre até julho deste ano.

O nível de ocupação, por sua vez, foi de 58,7% nos três meses encerrados em setembro. Segue próximo da máxima (58,8%).

O indicador mede o percentual de pessoas que estão trabalhando (ocupadas) em relação ao total de 14 anos ou mais.

Adriana Beringuy, do IBGE, disse que fatores como a renda em alta e uma inflação menor nos últimos meses ajudam a estimular o consumo e a demanda por mão de obra, mesmo em um cenário de juros altos.

Assim, de acordo com a pesquisadora, a taxa de desemprego se mantém em patamares baixos.

RENDA MÉDIA É RECORDE

A renda média do trabalho alcançou R$ 3.507 por mês até setembro.

É o recorde da série histórica, embora a variação ante o trimestre até junho tenha sido de apenas 0,3%, dentro da margem de estabilidade.

Na comparação anual, com o período até setembro de 2024, o rendimento cresceu 4% em média.

O grupamento de atividades que inclui a agricultura e a pecuária teve acréscimo de 260 mil trabalhadores ocupados no trimestre até setembro, em relação aos três meses imediatamente anteriores. A alta foi de 3,4%.

Outra contribuição veio da construção, com uma ampliação de 249 mil ocupados (+3,4%). Segundo Adriana, o segmento costuma ser aquecido por obras de edificações no segundo semestre.

O grupamento que abrange a administração pública, além de atividades como saúde e educação, também ampliou o número de ocupados. O acréscimo foi de 210 mil (+1,1%).

Conforme o IBGE, esse segmento vem sendo estimulado por contratações temporárias em áreas como educação e saúde.

Por outro lado, houve redução de ocupados em grupamentos como comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-1,4%, ou menos 274 mil) e serviços domésticos (-2,9%, ou menos 165 mil).