SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, reagiu à China e voltou a afirmar nesta sexta (31) que o seu governo rejeita o modelo de “um país, dois sistemas” proposto por Pequim. Ele ainda prometeu aumentar os gastos militares e disse que Taipé deve preservar a liberdade e a democracia, além de manter a determinação de se defender. As declarações foram respostas à nova ofensiva chinesa para trazer a ilha sob seu controle.
Nesta semana, a liderança da China disse que “não descartará absolutamente” o uso da força para unificar Taiwan, em contraste com artigos recentes publicados pela mídia estatal que apresentaram propostas à ilha semelhantes ao aplicado em Hong Kong e Macau, regiões chinesas com grau limitado de autonomia.
Durante visita à base militar de Hukou, no norte de Taiwan, o presidente Lai, considerado por Pequim um separatista, discursou a soldados e enfatizou que apenas a força pode garantir uma paz verdadeira.
“Aceitar as reivindicações do agressor e abrir mão da soberania certamente não trará paz. Devemos manter o status quo com dignidade e determinação, opondo-nos firmemente à anexação, à agressão e à unificação forçada”, afirmou ele.
Lai reforçou que Taiwan rejeita o modelo chinês porque “preservará para sempre seu sistema constitucional livre e democrático”. Ele também disse que a República da China (nome oficial de Taiwan) e a República Popular da China “não são subordinadas uma à outra” e que “a soberania taiwanesa não pode ser violada nem anexada”. Segundo ele, o futuro da ilha deve ser decidido apenas por seus cidadãos.
Nenhum grande partido político em Taiwan apoia a proposta de “um país, dois sistemas”. Para o presidente, a defesa da soberania e da democracia não deve ser vista como provocação. “Investir na defesa nacional é investir na paz”, acrescentou.
Lai prometeu aumentar os gastos militares para 5% do PIB até 2030 como parte de um plano para reforçar a capacidade de defesa diante da crescente pressão da China. A declaração foi feita durante a cerimônia de incorporação do primeiro batalhão de tanques M1A2T Abrams, fabricados pela empresa americana General Dynamics. Taiwan já recebeu 80 dos 108 blindados encomendados aos Estados Unidos, seu principal aliado e fornecedor de armas, embora não haja relações diplomáticas formais entre os dois.
Enquanto isso, em Kuala Lumpur, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, reuniu-se com o ministro da Defesa chinês, Dong Jun. O americano manifestou preocupação com as atividades de Pequim em torno de Taiwan e no disputado Mar do Sul da China.
Em resposta, Dong afirmou que a reunificação entre China e Taiwan é uma tendência histórica irreversível e pediu que Washington adote uma posição clara contra a independência da ilha.






