SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, criticou o modelo da SAFiel, projeto que visa transformar o Corinthians em Sociedade Anônima do Futebol, com participação acionária de torcedores. O plano foi entregue pelos idealizadores ao Conselho Deliberativo do Timão na última quarta-feira.
SAFIEL PODE ILUDIR O TORCEDOR
O ex-dirigente, responsável pela venda da SAF da Raposa ao ex-jogador Ronaldo, em dezembro de 2021, questionou a viabilidade do projeto alvinegro. Na visão dele, não há segurança financeira para os torcedores que desejarem investir no clube.
“Eu acho que é um pouco irreal iludir o torcedor de que você vai ter um pedaço do seu time. Eu não vislumbro como isso pode dar certo, porque é o que o mercado colocou. Ninguém gasta dinheiro para não ser majoritário, para não tomar decisão” – Sérgio Santos Rodrigues, ex-presidente do Cruzeiro
Rodrigues alertou que, a partir do momento em que o torcedor adquire uma ação, ele se compromete com o sucesso e também com o insucesso do clube. O risco de comprometimento patrimonial é o ponto mais sensível.
O advogado ressaltou que é alta a possibilidade de consequências financeiras acontecerem ao se tornar acionista em um clube já endividado, como é caso do Corinthians e do Cruzeiro à época da venda da SAF.
“Eu jamais recomendaria que alguém gastasse dinheiro, se tornasse sócio de uma empresa, se você não vai poder dar palpite nos rumos dela e ainda pode comprometer seu patrimônio. Se esse clube quebrado já tem R$ 2,5 bilhões, ele vai entrar com a cota a parte dele também?” – Sérgio Santos Rodrigues
Além do risco financeiro, o ex-dirigente questionou o poder de influência real do acionista popular. Ele indagou se o torcedor vai “comprar sem poder dar palpite efetivo”, destacando que as pessoas costumam estar desinformadas ao pensar que poderão participar das decisões.
TENTATIVA DO GALO FRACASSOU
Neste contexto, o FIGA (Fundo de Investimentos do Galo), do Atlético-MG, tem semelhança com a SAFiel, mas não funcionou.
“O próprio Atlético Mineiro seguiu um caminho onde os donos assumiram uma boa parte do investimento e criaram um fundo para vender cotas de R$ 1 milhão. Eles não chegaram nem perto de bater a meta de vendas dessas cotas. Eu acredito que a lógica é essa: independentemente do valor, quem é muito rico não vai desperdiçar dinheiro -ninguém fica rico fazendo isso. E quem tem pouco dinheiro, para comprometer o patrimônio com algo assim, precisa entender a repercussão que essa decisão pode ter” – Sérgio Santos Rodrigues.
O fundo, que tinha como meta captar R$ 100 milhões junto a torcedores qualificados, conseguiu arrecadar até janeiro de 2025 apenas cerca de R$ 6,17 milhões, um valor que representa menos de 10% do esperado.
O fracasso na captação do FIGA exigiu a intervenção do acionista majoritário do Atlético-MG, Rubens Menin, que se comprometeu a realizar o aporte total dos R$ 100 milhões até o final de 2026, garantindo a verba que o mercado de torcedores não entregou.






