SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O governo do Paraguai anunciou nesta sexta-feira (31) que classificará as facções brasileiras PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) como organizações terroristas. A decisão acontece dois dias após a megaoperação deflagrada no Rio de Janeiro, que terminou com ao menos 121 mortos, entre eles quatro policiais.
Facções ameaçam soberania nacional, diz ministro. “Essas organizações transcendem a criminalidade comum; são verdadeiros terroristas que ameaçam a vida das pessoas e a soberania do país”, afirmou o ministro da Defesa paraguaio, Cíbar Benítez. Mais cedo, ele disse que um decreto com a mudança seria assinado nas próximas horas.
Paraguai também reforça fronteira. O presidente Santiago Peña presidiu uma reunião em que determinou o aumento do nível de alerta na região fronteiriça para o máximo.
Forças de segurança paraguaias atuam em coordenação com agentes brasileiros e argentinos. “A combinação das forças policiais e militares nos torna invencíveis. O Estado paraguaio utilizará toda a força disponível para proteger os cidadãos e garantir a segurança de nossas instituições democráticas”, afirmou o ministro do Interior, Enrique Riera.
REFORÇO NA ARGENTINA E NA BOLÍVIA
A Argentina e a Bolívia também ordenaram um maior controle das fronteiras com o Brasil, como reação à violência no Rio de Janeiro. O governo Milei ainda anunciou que passará a classificar o PCC e o CV como organizações narcoterroristas, um apelo feito pelo governo de Donald Trump.
Brasileiros serão examinados, mesmo aqueles sem qualquer envolvimento com o crime. “Esse alerta máximo significa observar com muita atenção todos os brasileiros que venham à Argentina, verificando se têm ou não antecedentes, mas sem confundir turistas com integrantes do Comando Vermelho”, disse a ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich.
Na Bolívia, o presidente eleito, Rodrigo Paz, cobrou o atual presidente, Luis Arce. “Todas as medidas de controle e segurança necessárias para impedir a entrada em território nacional de membros de organizações criminosas provenientes do Brasil, em decorrência dos graves atos de violência ocorridos recentemente no Rio de Janeiro”, escreveu, em uma carta.
MEGAOPERAÇÃO DEIXA 121 MORTOS
A Operação Contenção, deflagrada pelas polícias do Rio na terça-feira, terminou com 121 mortos. Mais da metade dos corpos já foi identificada.
Megaoperação tornou-se a mais letal do país, passando o massacre do Carandiru. Em 1992, o complexo penal em São Paulo foi palco da maior chacina ocorrida em uma prisão brasileira. O episódio durou 30 minutos e provocou a morte de 111 detentos.
Hoje, o governo do Rio anunciou a criação de um “consórcio da paz”. O grupo conta com governadores de oposição ao governo Lula (PT).
Polícia do Rio prendeu 113 pessoas e apreendeu dez adolescentes. Entre os detidos, 33 são de outros estados. Segundo a Polícia Civil, foram apreendidas 118 armas, entre elas 91 fuzis. O número exato de drogas e munições apreendidos não foi informado pelos órgãos e ainda é contabilizado.






