SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As denúncias de abusos e assédios supostamente praticados por Alysson Mascaro, professor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), chegaram à polícia, que realiza investigação.

O inquérito foi aberto a pedido do Ministério Público de São Paulo, em 6 de junho, e está sob responsabilidade da 1ª Delegacia Seccional de Polícia. No início de dezembro, a Promotoria havia recebido uma denúncia anônima, baseada em reportagens publicadas em diversos veículos com relatos de supostas vítimas.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública do estado), a polícia realiza a oitiva de testemunhas e o cumprimento de ofícios. “Os trabalhos avançam para o completo esclarecimento dos fatos”, diz a pasta.

A REPORTAGEMtentou contato com a advogada de Mascaro, Fabiana Marques, desde terça-feira (28) para comentar o caso, mas não foi atendida. A defesa do professor não responde à reportagem desde maio.

Antes de as denúncias virem à tona, em 30 de novembro, Mascaro publicou uma nota pública nas redes sociais em que dizia ser “vítima de crime cibernético, sofrendo um processo de perseguição por pessoas que, se escudando no aparente anonimato no ambiente virtual desde meados de 2023, vêm buscando atacá-lo em sua honra”.

“Tal grupo de pessoas vem perpetrando acusações inverídicas para ferir sua imagem pública, buscando descredibilizar suas posições em detrimento do debate aberto acerca de sua luta concreta e de suas ideias amplamente difundidas por meio de sua vasta obra teórica e luta política”, dizia o post.

No Ministério Público, o caso chegou inicialmente à Procuradoria Justiça do Patrimônio Público e Social, que deveria analisar se a USP estaria cometendo alguma irregularidade na apuração interna. Para o órgão, o rito administrativo segue seu ritmo normal.

Porém, como havia indícios de condutas criminais graves nos relatos, como assédio sexual e estupro, a denúncia foi encaminhada à 2ª Promotoria de Justiça Criminal, que acionou a Polícia Civil.

Enquanto o inquérito avança, ele é discutido há mais de oito meses na Faculdade de Direito.

Em 12 de fevereiro, a instituição abriu um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra Mascaro. O procedimento ocorre a pedido da Procuradoria Geral da instituição, que, num relatório preliminar, apontou indícios de materialidade nas acusações contra o docente.

Segundo o regimento interno da USP, o processo administrativo tinha prazo inicial de 90 dias para ser concluído.

A penalidade máxima prevista nesse caso é a demissão. O estatuto dos servidores públicos do estado de São Paulo também prevê punições mais brandas, como repreensão, suspensão e multa.

Procurada, a Faculdade de Direito disse que dados sobre o caso estão sob sigilo. Mascaro é advogado e professor associado da instituição desde 2006.

Alunos e ex-alunos da Faculdade de Direito que acusam Alysson Mascaro de abuso sexual relataram à reportagem que o professor atraía vítimas a seu apartamento oferecendo conselhos acadêmicos.

Um deles, convidado por Mascaro para uma conversa em 2022, disse ter sido coagido a ficar de cueca e abraçar o professor. Mascaro teria dito estar imitando a maneira como filósofos e seus discípulos se relacionavam na Grécia Antiga.