SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um destróier dos Estados Unidos deixou nesta quinta-feira (30) o porto de Trinidad e Tobago após quatro dias ancorado a cerca de dez quilômetros do litoral da Venezuela. A presença do navio, chamado USS Gravely, aumentou as tensões entre Caracas e Washington no contexto das atividades militares americanas nas regiões do Caribe e do Pacífico contra embarcações que seriam usadas para tráfico.
Os EUA começaram as ofensivas contra os barcos nas águas da América do Sul em agosto sob o argumento de interromper rotas usadas por narcotraficantes controladas pelo regime venezuelano. Segundo dados divulgados por Washington, 62 pessoas morreram em 16 ações militares.
O governo de Trinidad e Tobago apoia a iniciativa americana, cuja legalidade é questionada por especialistas em direito internacional, o que deteriorou as relações com Caracas. O pior momento ocorreu no domingo (26), quando o país recebeu o destróier americano para exercícios militares conjuntos, algo que o regime de Nicolás Maduro classificou de provocação e tentativa de incitar uma guerra na região.
Em resposta, a Assembleia Nacional venezuelana, controlada pelo regime, declarou a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, persona non grata na terça (28). No mesmo dia, Maduro determinou a suspensão dos acordos de fornecimento de gás ao arquipélago, em vigor desde 2015.
Em contrapartida, o governo de Trinidad e Tobago ordenou uma “deportação em massa” de imigrantes em situação irregular, medida que, segundo observadores, tem como alvo centenas de venezuelanos que buscaram refúgio no país. Persad-Bissessar, aliada política do presidente americano, Donald Trump, ironizou a decisão do Parlamento e desafiou Caracas a ampliar suas sanções.
“Por que Maduro e o resto do governo venezuelano não mencionam o presidente Trump? Por que não o declaram persona non grata?”, escreveu a primeira-ministra em mensagem enviada à agência AFP.
Washington endureceu o tom. Autoridades americanas afirmaram que estão prontas para fazer ataques terrestres e autorizaram operações da CIA dentro da Venezuela.
Já regime de Maduro afirma ter capturado agentes e colaboradores ligados à agência de inteligência e diz ter desmantelado “operações de falsa bandeira” que, segundo Caracas, pretendiam justificar uma ofensiva militar em território venezuelano.






