RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os corpos dos dois policiais militares mortos durante a Operação Contenção, deflagrada na última terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, foram velados nesta quinta-feira (30) na sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais), em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro.

A ação na zona norte carioca é considerada a mais letal da do país, com 121 mortos segundo o balanço mais recente divulgado pelo governo fluminense.

O sargento Heber Carvalho da Fonseca, 39, foi sepultado no fim da manhã no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste. O corpo seguiu em cortejo de cerca de 40 quilômetros, acompanhado por dezenas de viaturas e motocicletas da PM. Um helicóptero sobrevoou o trajeto, enquanto batedores abriam caminho para o carro do Corpo de Bombeiros que levava o caixão.

Antes de ingressar no Bope, Heber integrou um grupo de fuzileiros navais, que também prestou homenagem durante a cerimônia. A viúva, Jéssica, acompanhou o enterro amparada pelos filhos, que vestiam camisas do batalhão em tributo ao pai.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo Menezes, participou da cerimônia e afirmou que o sargento será lembrado como exemplo para a corporação. “Heber dizia: ‘Ninguém vai parar a gente’. Essa frase será um lema para todos nós”, declarou. Segundo ele, a operação foi “um marco para a segurança pública do Rio” e continuará “dentro da legalidade e com planejamento criterioso”.

“Esses policiais foram atacados por narcoterroristas. Fizemos um planejamento meticuloso para proteger a população daquela região. A operação foi exitosa, e o sacrifício deles não será em vão”, disse Menezes.

O sargento Cleiton Serafim Gonçalves, 40, também morto na ação, foi sepultado no Cemitério Municipal de Mendes, no interior do estado. Ele deixa esposa e filhos.

Além dos dois militares, dois policiais civis foram mortos durante a megaoperação. O comissário Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51, conhecido como Máskara, foi enterrado na quarta (29) no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Ele havia sido promovido a comissário da 53ª DP (Mesquita) dois dias antes de morrer. Ingressou na Polícia Civil em 1999 e chefiava o setor de investigações da unidade.

O segundo agente, Rodrigo Velloso Cabral, 34, foi sepultado no Memorial do Rio, em Cordovil. Havia ingressado na corporação há menos de dois meses e estava lotado na 39ª DP (Pavuna), que atua em áreas dominadas por facções criminosas.

Marcus Vinícius e Rodrigo foram atingidos durante confronto na chegada das equipes ao Complexo da Penha. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou nas redes sociais que os ataques “não ficarão impunes” e que “a resposta está vindo, e à altura”.

Na quarta-feira, o governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação, que tinha como alvo lideranças do Comando Vermelho, como “um sucesso”, apesar das mortes dos quatro agentes. “Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso”, disse o governador, acrescentando que os servidores serão promovidos postumamente.

O balanço oficial do governo aponta 121 mortos, entre eles quatro policiais -dois civis e dois militares. A gestão estadual afirma que os demais eram suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. O número inicial divulgado pelo governo, na terça (28), era de 64 mortos, mas subiu após moradores do Complexo da Penha retirarem dezenas de corpos de uma área de mata e os levarem até uma praça próxima.

Segundo a Secretaria da PM, dois policiais militares permanecem internados em estado grave e outros sete apresentam quadro estável, com previsão de alta nos próximos dias. Três policiais civis também seguem hospitalizados, e um quarto, o delegado-adjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Bernardo Leal, está em estado grave após passar por cirurgia.