RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, questionou, nesta quinta-feira (30), denúncias sobre lesões em corpos e decapitações em operação policial nos complexos do Alemão e da Penha.

O secretário afirmou que a Polícia Civil já identificou que “alguns veículos utilizados [para resgatar os corpos] eram roubados” e que aqueles que fizeram a remoção podem ter feito novas lesões. “E justamente eles podem até ter feito isso para chamar a atenção da imprensa”, afirmou.

Cadáveres encontrados na mata por moradores foram levados até uma praça central na manhã de quarta-feira (29). No processo do resgate, familiares denunciaram que havia corpos decapitados, ferimentos a faca e outras lesões que seriam incompatíveis com tiroteios.

“Quem disse que foi a polícia que cortou a cabeça dele? Nós instauramos inquérito para apurar o crime de fraude processual pela remoção indevida e ilegal desses corpos”, disse Curi.

Em entrevista coletiva nesta quarta, em que fez o balanço da operação, Curi já havia dito que poderia investigar quem tivesse feito essa movimentação dos corpos.

Na mesma entrevista, o secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou que o trabalho de retirada não foi feito pelos policiais porque não sabiam que ainda havia corpos em área de mata e porque seria um risco aos peritos.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, parentes, principalmente mães, enfrentaram dias de peregrinação no reconhecimento dos corpos após a operação policial da última terça-feira no Rio de Janeiro, que deixou ao 121 mortos, de acordo com a contagem oficial.

A reportagem viu somente um homem entre os familiares presentes.

Em comum, havia a reclamação de supostas irregularidades da polícia, como a falta de socorro aos baleados.