SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apenas 15,5% dos jovens brasileiros conseguem concluir o ensino médio na idade certa (aos 17 ou 18 anos) e tendo aprendido o mínimo desejável em português e matemática. É o que mostra o IEE (Índice de Inclusão Educacional), divulgado na manhã desta quinta-feira (30).
O indicador foi criado pela organização Metas Sociais a pedido do Instituto Natura. O cálculo foi desenvolvido por Reynaldo Fernandes, idealizador do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que se tornou o mais importante e popular parâmetro da educação brasileira.
Os dados mostram que o país falha tanto em garantir que os jovens estudem na idade certa quanto em assegurar que eles aprendam o mínimo esperado. O indicador é calculado com o cruzamento de dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), do Censo Escolar e da Pnad Contínua.
A taxa dos que se formam com a aprendizagem suficiente varia de 5,6%, no Amapá, a 20,4%, no Paraná. Ou seja, mesmo o estado com o maior desempenho do país consegue garantir que apenas um quinto dos jovens se formem na idade adequada e com a aprendizagem mínima esperada.
Os resultados mostram que o Brasil seguia melhorando em termos de inclusão e aprendizagem, mas a evolução foi perdida após a pandemia de Covid-19 e o fechamento das escolas.
Em 2015, primeiro ano em que é possível calcular o indicador, o país conseguia garantir que apenas 9,5% dos jovens terminassem essa etapa na idade certa (até os 17 anos) ou com apenas um ano de atraso escolar (aos 18 anos) e com a aprendizagem esperada. Esse percentual subiu para 18,9%, em 2019.
No entanto, entrou em queda após a pandemia. Ele caiu para 17%, em 2021, e depois para 15,5%, em 2023 (último ano em que os dados estão disponíveis). O indicador é calculado bianualmente, pois essa é a periodicidade do Saeb.
Para David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura, a baixa aprendizagem é o que mais tem pesado e impedido a melhora do indicador.
“Esse efeito, causado pelo fechamento das escolas durante a pandemia, tende a passar com o tempo, mas já temos uma parte destas gerações com presente e futuro comprometidos por estarem saindo da escola sem a aprendizagem desejável. Isso reduz o acesso à universidade e a empregos mais qualificados”, diz.
“A recomposição da aprendizagem perdida na pandemia, principalmente no ensino médio, ajudaria a melhorar esse cenário. Mas, claramente, é algo que o país não tem conseguido fazer”, afirma.
Os pesquisadores também encontraram uma relação entre o Ideb e o IEE, ou seja, os estados com maior desempenho no primeiro indicador também vão melhor no segundo. No entanto, encontraram algumas divergências que podem indicar fatores de exclusão escolar importantes.
É o caso do Pará que, em apenas dois anos, teve um salto da penúltima para a sexta colocação de desempenho no Ideb no ensino médio em 2023. Apesar da melhora, o IEE identificou que o estado apresenta o maior percentual de estudantes com dois anos ou mais de atraso na conclusão dessa etapa atingindo 46,5% dessa população.
Também tem um dos mais altos percentuais de jovens fora da escola (10,6%). Essas duas situações não são capturadas pela análise dos resultados do Ideb.






