Da Redação

A Polícia Civil de Goiás revelou nesta quarta-feira (29) detalhes de um crime que chocou o interior do estado: o assassinato do fazendeiro e empresário Jefferson Cury, de 83 anos, teria sido encomendado pelos próprios filhos, motivados pela disputa de uma herança avaliada em cerca de R$ 1 bilhão.

A investigação, conduzida pelo delegado Adelson Candeo, concluiu que seis pessoas participaram do crime — entre elas, dois filhos da vítima, um corretor de imóveis e três funcionários da fazenda. As prisões foram realizadas durante a Operação Testamento, com ações simultâneas em Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Um dos principais envolvidos, apontado como o executor dos disparos, ainda está foragido. O advogado de Jefferson, que o acompanhava na noite do assassinato, foi baleado na cabeça, mas sobreviveu.

Disputa por fortuna e mudança de testamento

De acordo com a polícia, Jefferson Cury pretendia mudar o testamento para transferir todo o patrimônio para uma holding, deixando os filhos fora da divisão dos bens. A assinatura do novo documento estava marcada para um dia depois do crime, em 29 de novembro de 2023.

“Os filhos não tinham qualquer laço afetivo com o pai. O que havia era uma obsessão pelo dinheiro que ele construiu com o próprio esforço”, afirmou o delegado Candeo.

O fazendeiro foi morto por volta das 22h20, em sua propriedade rural às margens da GO-206, em Quirinópolis. Ele foi atingido com um tiro no rosto, enquanto o advogado conseguiu escapar com vida.

Corrupção, traição e ganância

A polícia descobriu que o corretor de imóveis envolvido esperava lucrar R$ 50 milhões com a venda das terras após a morte de Jefferson — ele já teria ganhado R$ 12 milhões em uma única negociação de fazendas herdadas pelos filhos.

Além disso, os caseiros da fazenda e o filho deles teriam colaborado com o grupo, informando rotinas da vítima e ajudando na logística da execução.

Um caso que lembra o crime dos Richthofen

Para o delegado, o caso remete ao assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, ocorrido em 2002, mas com um caráter “mais sofisticado e frio”.
“Enquanto a polícia ainda registrava a ocorrência, um dos filhos já estava assinando documentos do inventário. Nem sequer compareceram ao velório. É a prova de uma ganância sem limites”, afirmou Candeo.

A Operação Testamento cumpriu 14 mandados de busca e apreensão nos três estados. A Polícia Civil informou que o inquérito deve ser concluído em até 30 dias, e novas prisões não estão descartadas.