Da Redação
Em um raro momento de distensão entre as duas maiores potências do planeta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, se encontraram nesta quinta-feira (30) em Busan, na Coreia do Sul, para selar um novo acordo que marca o início de uma trégua na guerra comercial que há anos abala a economia mundial. Foi o primeiro diálogo direto entre os dois desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro.
Após quase duas horas de negociações, os líderes anunciaram medidas concretas para aliviar as tensões. Washington reduzirá as tarifas sobre produtos chineses de 57% para 47%, enquanto Pequim retomará as compras de soja americana, ampliará o combate ao tráfico de fentanil e manterá o fornecimento de terras raras, minerais essenciais para a indústria tecnológica global. As tarifas sobre produtos ligados à substância sintética também cairão pela metade.
Trump classificou o encontro como um marco para a estabilidade internacional. “Todas as questões foram resolvidas. É um bom dia para os Estados Unidos, para a China e para o mundo”, declarou. O republicano destacou ainda que os dois países firmaram um acordo anual renovável sobre o fornecimento de terras raras, um gesto que promete garantir previsibilidade às cadeias globais de produção.
Xi Jinping, por sua vez, elogiou o espírito conciliador da reunião e defendeu que Washington e Pequim evitem “ciclos de vingança” que prejudiquem a economia mundial. O líder chinês afirmou que as equipes econômicas chegaram a “soluções equilibradas” e que há grande potencial de cooperação em inteligência artificial e inovação tecnológica.
Os mercados reagiram rapidamente ao sinal de trégua. O Shanghai Composite fechou em alta de 4.025 pontos, o melhor desempenho desde 2015, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 0,6%. O yuan valorizou-se frente ao dólar, atingindo seu maior valor em quase um ano.
Apesar do clima de otimismo, alguns temas sensíveis ficaram de fora da pauta, como o uso de chips de inteligência artificial da Nvidia, um dos pontos de maior tensão tecnológica entre os países. Horas antes da reunião, Trump chegou a sugerir em rede social que os EUA poderiam retomar testes com armas nucleares, mas o assunto não foi mencionado durante o encontro.
A guerra comercial entre as duas potências havia voltado a se intensificar neste mês, depois que Pequim ameaçou restringir exportações de minerais estratégicos, provocando reação imediata de Washington, que cogitou impor tarifas de até 100% sobre produtos chineses. O acordo firmado em Busan, portanto, representa um respiro para os mercados e uma tentativa de reconstruir pontes diplomáticas entre os dois gigantes econômicos.







