SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Antes meros participantes em competições continentais, os clubes equatorianos vivem uma realidade completamente diferente nesta quinta-feira (30) e passaram a figurar como a terceira força no cenário sul-americano.

MOMENTO DE ALTA

A edição de 2025 dos torneios sul-americanos ajuda a explicar o cenário atual. Clubes equatorianos foram algozes de brasileiros: o Barcelona despachou o Corinthians na Pré-Libertadores, a LDU tirou São Paulo, Botafogo e abriu 3 a 0 sobre o Palmeiras na semifinal, e o Del Valle eliminou o Vasco na Sul-Americana —mas caiu para o Atlético-MG.

O Equador apareceu ao lado do Brasil e da Argentina como o único país a ter semifinalistas nos dois campeonatos continentais neste ano. Tirando as três nações, apenas o Chile teve uma equipe como representante —a Universidad de Chile, na Sul-Americana.

Antes principais ameaças ao domínio Brasil-Argentina, os clubes uruguaios perderam força. Em 2025, nenhum time do país conseguiu qualquer protagonismo a nível continental.

O futebol equatoriano tem oito títulos continentais —a contagem começou em 2008. A LDU detém cinco taças, e o Independiente del Valle tem três. Todos os troféus foram conquistados contra equipes brasileiras ou argentinas.

TÍTULOS E VITÓRIAS ICÔNICAS

A dupla faz parte dos maiores vencedores da Sul-Americana. Com dois títulos cada, os times aparecem junto de Boca Juniors, Independiente e Athletico no topo.

A LDU deu o salto no final da primeira década deste século. A equipe foi campeã da Libertadores de 2008 e da Sul-Americana de 2009 sobre o Fluminense e conquistou a Recopa em 2009, contra o Internacional, e de 2010, frente ao Estudiantes (ARG).

A glória mais recente também foi contra um brasileiro. Em 2023, a equipe equatoriana venceu o Fortaleza e conquistou a Sul-Americana.

O Independiente del Valle é uma pedra no sapato mais recente. Vice-campeão da Libertadores de 2016, a equipe venceu as Sul-Americanas de 2019 e 2022 contra Colón (ARG) e São Paulo, respectivamente, e foi campeã da Recopa de 2023 sobre o Flamengo.

Vencer o Del Valle tem sido uma missão difícil para os brasileiros. Somente Palmeiras [quatro vitórias] e Atlético-MG [uma vitória e um empate] não perderam nenhum jogo frente ao rival. Corinthians, Flamengo, São Paulo, Vasco e Grêmio já foram vítimas.

O Barcelona-EQU aparece atrás dos dois rivais, mas coleciona jogos icônicos nos últimos anos. A equipe de Guayaquil foi semifinalista nas Libertadores de 2017 tendo eliminado Palmeiras e Santos no mata-mata — caiu para o Grêmio —e na edição de 2021, quando tirou o Fluminense e se despediu na semi para o Flamengo.

BASE FORTE E MERCADOS ALTERNATIVOS

A altitude de Quito [2.850 m], onde jogam LDU e Del Valle, não é mais a única arma. A base e a busca por jogadores em mercados menos badalados têm fortalecido o crescimento.

Rival do Palmeiras nesta quinta-feira (30), a LDU aposta em contratações alternativas. Sem poderio financeiro para competir com clubes brasileiros e argentinos, o clube busca reforços no mercado caseiro e em ligas menos badaladas. Autor de dois gols contra o Alviverde, Villamíl é boliviano e estava no Bolívar. Um dos líderes do elenco, o zagueiro Adé é haitiano.

O Independiente del Valle foi comprado em 2006 e virou um clube formador. Surgiram nos últimos anos nomes como Moisés Caicedo (Chelsea), Hincapié (Arsenal), Pacho (PSG) e Kendry Páez (Strasbourg). Cazares, Sornoza e Orejuela, que foram destaque no futebol brasileiro, também saíram de lá.

SELEÇÃO É REFLEXO

O bom momento dos equatorianos também é refletido na seleção. O Equador é um dos países garantidos na próxima Copa do Mundo.

A campanha nas Eliminatórias foi destaque. O Equador começou o torneio com -3 pontos por utilizar Byron Castillo, jogador nascido na Colômbia e escalado irregularmente na edição passada, e, mesmo assim, terminou a campanha em segundo, atrás apenas da Argentina.

São cinco participações nas últimas sete Copas. A seleção equatoriana estreou em Mundiais apenas em 2002 e, desde então, só ficou de fora das edições de 2010 e 2018. A melhor campanha foi em 2006, quando a equipe chegou às oitavas de final.