SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A China e a Rússia reagiram após Donald Trump ordenar o seu governo a iniciar testes imediatos de armas nucleares. Pequim pediu nesta quinta-feira (30) que os Estados Unidos respeitem a proibição internacional de testes do tipo.

Já Moscou afirmou que não foi avisada com antecedência da decisão do presidente americano e ameaçou fazer o mesmo. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, relembrou uma fala repetida diversas vezes por Vladimir Putin, de que, se qualquer país realizar um teste nuclear, a Rússia fará o mesmo.

“O presidente Trump mencionou em sua declaração que outros países estão envolvidos em testes de armas nucleares. Até agora, não sabíamos que alguém estivesse realizando testes”, afirmou Peskov, acrescentando que “se alguém abandonar a moratória, a Rússia agirá de acordo”.

Putin é dono do maior arsenal nuclear do mundo. Moscou também negou que os exercícios militares realizados nos últimos dias com armamentos movidos a energia nuclear, como o míssil Burevestnik, tenham sido testes nucleares.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou que Pequim espera que os EUA “adotem medidas concretas para preservar o sistema mundial de desarmamento e não proliferação nuclear e para manter o equilíbrio e a estabilidade estratégica mundiais”.

A China também pede que Washington “respeite seriamente o compromisso de proibir testes nucleares”.

A ordem de Trump foi em resposta “aos programas de testes de outros países”, dentre eles China e Rússia. “Instruí o Departamento de Guerra a iniciar os testes de nossas armas nucleares em igualdade de condições”, disse o presidente americano na Truth Social, antes de um encontro com o líder chinês Xi Jinping na Coreia do Sul.

Segundo Trump, os EUA “possuem mais armas nucleares do que qualquer outro país”, e isso teria sido alcançado com “uma completa modernização e renovação do arsenal existente” durante seu primeiro mandato. “Eu DETESTEI fazer isso, mas não tive escolha!”, afirmou.

Em seu anúncio, o republicano ainda pontuou que a Rússia estaria em segundo lugar, em relação ao tamanho do arsenal nuclear, e a China “em um distante terceiro”. Segundo ele, no entanto, ambos os países “estarão empatados dentro de cinco anos”.

Mais cedo na quarta, Putin anunciou que suas forças conduziram um teste bem-sucedido do Poseidon, conhecido como o “torpedo do Juízo Final” por suas características apocalípticas. Trump chamou o ensaio de “inapropriado” e disse que o presidente russo deveria acabar com o conflito no vizinho “em vez de testar mísseis”.

Enquanto o republicano endureceu tanto sua retórica quanto sua posição em relação à Rússia, Putin demonstrou publicamente seu poderio nuclear também com o teste de um novo míssil de cruzeiro Burevestnik e outros exercícios de lançamento nuclear, todos na última semana.

Os EUA realizaram seu último teste de arma nuclear em 1992. Os exercícios fornecem evidências do que qualquer novo armamento será capaz de fazer —e se os equipamentos mais antigos ainda funcionam.

Além de fornecer dados técnicos, tal teste simboliza uma afirmação deliberada do poder estratégico dos EUA. Os americanos inauguraram a era nuclear em julho de 1945 com o teste de uma bomba atômica de 20 quilotons em Alamogordo, no Novo México, e depois lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945 para pôr fim à Segunda Guerra Mundial.