SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Nvidia continua sendo a big tech das big techs, Powell reduz juros nos EUA e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (30).

**ANTES DE COMEÇAR…**

…algumas informações importantes para o seu dia.

Pode pedir música. Nesta quarta-feira (30), pelo terceiro dia consecutivo, a Bolsa brasileira bateu recorde.

O Ibovespa ultrapassou a marca dos 148 mil pontos pela primeira vez;

O dólar recuou 0,05% e terminou o dia cotado a R$ 5,358.

Aconteceu nesta quinta-feira o encontro entre Xi Jinping e Donald Trump. Houve acerto sobre tarifas e trégua na exigência sobre terras raras.

**AVISA QUE É ELA**

A Nvidia pegou gosto por quebrar recordes. Ontem, ela se tornou a primeira empresa a ultrapassar US$ 5 trilhões (R$ 27 trilhões) em valor de mercado.

A capitalização de mercado (ou “market cap”) de uma empresa é calculada a partir da multiplicação do preço dos papéis dela no mercado pela quantidade de ações disponíveis para negociação.

A marca foi quebrada a partir de uma disparada no preço das ações da companhia. Elas chegaram a uma valorização de 4,6%, mas terminaram a quarta-feira em alta de 2,99%.

O QUE ROLOU?

Os investidores se empolgaram com a possibilidade de a Nvidia acessar o mercado chinês com maior facilidade, depois de meses de impasse.

Como o leitor já sabe, os chefes de Estado da China e dos EUA se encontram na Coreia do Sul hoje. A expectativa é que de lá saiam melhores acordos para a exportação de itens de alta tecnologia, controlada de forma rígida pelos dois lados.

TÁ, E DAÍ?

Jensen Huang, CEO da big tech, sonha com isso há tempos. A empresa que ele comanda é hegemônica na venda e desenvolvimento de chips para inteligência artificial nos EUA—e o único outro lugar do mundo onde há tanto mercado tecnológico a ser conquistado é a China.

Sem companhias chinesas em sua carteira de clientes, a Nvidia bate em um teto de crescimento e pode não manter o mesmo ritmo de números alucinantes para o mercado financeiro.

Huang chegou a divulgar produtos desenhados especialmente para compradores chineses, que não violam as regras americanas de exportação para o país asiático.

A iniciativa não emplacou: com o aumento das tensões, Washington restringiu as vendas desses itens, e Pequim, por sua vez, barrou a compra deles.

QUEM VEM ATRÁS

A Apple alcançou pela primeira vez a marca de US$ 4 trilhões na terça-feira (26), enquanto a Microsoft voltou a atingir o mesmo patamar, impulsionada pela reestruturação da OpenAI, da qual detém 27% de participação.

**A PRESSÃO FUNCIONOU?**

Donald Trump xingou, ofendeu, pressionou e ameaçou de demissão o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sucessivas vezes, suplicando que ele cortasse a taxa básica de juros. Por algum tempo, Powell resistiu a derrubá-la.

Agora, fez isso mesmo sem novos dados que o mercado esperava que ele considerasse na decisão. Cedeu às vontades do presidente?

O CORTE

O Fed anunciou ontem uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país, para 3,75% a 4% ao ano. É a segunda baixa consecutiva da taxa —patamar que ainda não satisfaz Trump.

A redução foi aprovada por 10 votos a 2.

Um dos contrários à diminuição foi Stephen Miran, indicado neste ano por Trump para a direção do Fed, que defendeu um corte maior, de 0,5 ponto percentual.

NEVOEIRO

Dá para dizer que a visão da economia americana está turva. Lembra-se de que o governo federal do país está paralisado?

O “shutdown” impediu a divulgação de dados atualizados sobre a situação econômica nacional. Nos 29 dias, um dos poucos levantamentos atualizados foi o da inflação, divulgado na semana passada.

Dados sobre o emprego, criação de vagas e o mercado de trabalho —essenciais para medir a temperatura da atividade econômica— estão desatualizados.

Com isso em mente, o banco central dos EUA optou pela cautela na decisão e pela moderação no discurso, que não deu esperanças de um corte em dezembro —mas também não descartou a possibilidade.

“O Fed está muito longe de poder prever a sua próxima decisão, o que traz incerteza para o mercado”, analisa Camilo Cavalcanti, da Oby Capital.

SALADA MISTA

O pregão das bolsas americanas foi volátil, com investidores reagindo ao mesmo tempo ao corte dos juros e à declaração de incerteza da continuidade da queda da taxa, dada por Powell.

O S&P 500 terminou o dia na horizontal, enquanto o Dow Jones teve queda de 0,16%. O Nasdaq 100 contrariou os outros e subiu 0,41%.

**CORTES NA AMAZON**

O CEO da Amazon, Andy Jassy, avisou e cumpriu. Em junho, ele disse que a IA reduziria os empregos oferecidos pela companhia —e 2025 tem sido um ano de cortes afiados na big tech. Aí vão alguns momentos marcantes da campanha de redução do efetivo até agora.

Na segunda-feira (27), a gigante anunciou que planeja cortar até 30 mil empregos a partir desta semana.

Por quê? São duas as principais justificativas dadas:

[1] 📦 Equilíbrio das contas

Durante a pandemia, o e-commerce disparou, e a Amazon expandiu suas operações para atender ao aumento das compras online. Com o fim do confinamento, porém, o ritmo desacelerou.

As pessoas voltaram às lojas físicas e a empresa teve de ajustar sua estrutura.

[2] 🧠 Cérebro eletrônico

A Amazon já demonstrou vontade de testar o quanto puder a eficiência de suas operações quando conduzidas pela inteligência artificial. É provável que mais e mais cortes aconteçam com justificativas do tipo na companhia.

“Queremos administrar a Amazon como a maior startup do mundo”, escreveu Beth Galetti, executiva da empresa, em blog. A ideia é que a empresa fique mais enxuta e, com isso, ganhe eficiência.

ACABANDO O TEMPO?

A tendência entre os gestores exibe um futuro desafiador para a força de trabalho considerada “redundante” ou “ultrapassada”, segundo John Challenger, diretor-executivo da consultoria Challenger, Gray & Christmas.

O número de desempregados de longo prazo vem subindo ao longo do ano, “o que geralmente indica que algumas pessoas estão ficando para trás”.

Isso não significa, necessariamente, que a IA vai substituir um funcionário em uma vaga. O que pode acontecer é que ela aumente a eficiência em certas tarefas —ou seja, permita que menos pessoas realizem o mesmo volume de trabalho.

Sim, mas… a IA ainda não se provou como a funcionária do ano (do século?) e apostar no seu potencial a despeito do bom desempenho da companhia quando era composta por mais cérebros humanos é um risco. Veremos.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Descomplicando. Uma nova plataforma do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) chamada Criptojud vai facilitar as ordens judiciais para bloqueio de criptoativos.

Draga da Boeing continua. A empresa de aviação registrou perdas de US$ 4,9 bilhões e decidiu adiar a estreia do modelo de jato 777X para 2027, antes prevista para 2026.

Bancões no verde. O lucro do Bradesco cresceu 19% no terceiro trimestre deste ano. O Santander também teve um bom período, com aumento de R$ 4 bilhões nos ganhos.

Café mágico? O café Fellow Criativo, da marca Cafellow, teve suas vendas proibidas pela Anvisa. O órgão vai investigar o extrato do cogumelo Agaricus bisporus, indicado na lista de ingredientes.