SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, BRASÍLIA E CURITIBA, None (FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou nesta quarta-feira (29) ao lado do ministro Ricardo Lewandowski ter chegado a um acordo com o governo Lula (PT) para instalar um escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado em território fluminense.
A medida, segundo ele, foi acertada após reunião entre representantes do governo estadual com o Ministério da Justiça.
O escritório será comandado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, e pelo secretário nacional da pasta homônima no governo federal, Mário Luiz Sarrubbo, ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo.
O anúncio da criação do escritório vem um dia após troca de acusações entre o governo Castro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que, na terça-feira, chegou a dizer ao titular do Palácio das Laranjeiras para que se responsabilizasse ou “jogasse a toalha”.
O governador declarou que a ideia a partir de agora é que ações de combate ao crime organizado no estado aconteçam de forma integrada com o governo federal.
Segundo Claudio Castro, a expectativa é de que o escritório emergencial de enfrentamento ao crime “ajude a vencermos possíveis burocracias e integrarmos a inteligência, respeitando as competências de cada órgão”.
Nesse sentido, complementou, “eliminar barreiras para fazer uma segurança pública que atenda ao nosso verdadeiro cliente: o cidadão”.
Ele disse também que o problema da segurança pública se estende a todo o território nacional e que o Rio de Janeiro é epicentro da questão.
Ao lado do governador, Lewandowski afirmou que o governo Lula (PT) vai aumentar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio e “auxiliar com o fornecimento de médicos legistas, odontólogos, peritos e também com um banco de dados “no que diz respeito a DNA e exames de balística”.
“Nós vamos conjugar forças federais com estaduais para resolver rapidamente os problemas com os quais nos deparamos na solução desta crise. Um escritório emergencial tem exatamente esse sentido: não criar mais uma estrutura burocrática permanente. É um fórum onde as forças vão conversar entre si, tomar decisões rapidamente, até que a crise seja superada”, explicou Lewandowski.
Uma segunda frente envolve a Polícia Federal (PF), que vai “intensificar as atuações, as atividades de inteligência, sobretudo para descapitalização do crime”, afirmou o ministro.
“Nós queremos fazer um entrosamento das forças federais, estaduais e até municipais no enfrentamento deste flagelo, desta verdadeira patologia que é a criminalidade em todos os sentidos, mas sobretudo a criminalidade organizada”, disse Lewandowski.
A troca de farpas começou na discussão em relação ao uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), dispositivo que autorizaria uso do Exército e de blindados no combate ao crime organizado no estado.
Em janeiro, a gestão Castro pediu ao Ministério da Defesa fornecimento de veículos blindados e apoio logístico da Marinha para intervenções policiais em áreas consideradas de risco. Isso só poderia ser autorizado, segundo disse a pasta à Folha, por meio da decretação de GLO.
Já o governo Lula descarta, por ora, o uso do dispositivo, mas interlocutores afirmam que o Executivo não se opõe a decretá-lo isso caso julguem necessário num segundo momento.
O governo federal também autorizou na terça (28) a transferência de cerca de dez presos do Comando Vermelho para presídios federais de segurança máxima, a pedido de Castro.
Nesta quarta, o ministro do STF Alexandre de Moraes pediu explicações ao governador sobre a operação, que devem ser apresentadas na próxima segunda-feira (3), às 11h, em audiência o Rio.
O ministro do Supremo analisa se o governo do Rio descumpriu regras estabelecidas na ADPF das Favelas ao realizar a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha na terça-feira (28).
Outro que se pronunciou foi o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que cobrou cooperação de Castro para asfixiar o financiamento do crime organizado. “Para pegar o andar de cima do crime organizado, você tem que combater de onde está vindo o dinheiro”, disse. “No caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo da questão do contrabando de combustível, da fraude tributária, simulação de refino, distribuição de combustível batizado.”
Enquanto isso, governadores de oposição ao governo federal se mobilizaram para prestar solidariedade e oferecer apoio a Castro. O primeiro encontro ocorreu virtualmente na manhã desta quarta, e eles ainda devem fazer outro, mais ampliado e presencial, às 18h desta quinta-feira (30), na capital fluminense.
Participaram da reunião os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); e do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil). A iniciativa do encontro online partiu de Zema.




