RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os corpos dos quatro policiais mortos durante a operação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, começaram a ser enterrados nesta quarta-feira (29) sob forte comoção de familiares e colegas de farda.

A ação, batizada de Operação Contenção, já é a mais letal da história do estado, com 121 mortos, segundo o balanço mais recente divulgado pelo governo fluminense.

O comissário Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, foi sepultado no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. No fim da cerimônia, um helicóptero da Polícia Civil sobrevoou o local e lançou pétalas brancas sobre o caixão, encerrando o enterro em um gesto simbólico de homenagem.

Marcus havia sido promovido a comissário da 53ª DP (Mesquita) dois dias antes de morrer. Ingressou na Polícia Civil em 1999 e chefiava o setor de investigações da unidade. O agente foi atingido na cabeça durante confronto na chegada das equipes ao Complexo da Penha, e morreu após ser levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.

O segundo policial civil, Rodrigo Velloso Cabral, 34, foi velado e sepultado no Memorial do Rio, em Cordovil. Ele havia ingressado na corporação há menos de dois meses e estava lotado na 39ª DP (Pavuna), responsável por atuar em áreas dominadas por facções criminosas, como os complexos do Chapadão e da Pedreira. Rodrigo deixa uma filha de dez anos.

O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou nas redes sociais que os ataques “não ficarão impunes” e disse que “a resposta está vindo, e à altura”.

Também morreram durante a operação os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves, 42, e Heber Carvalho da Fonseca, 39, ambos do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Os dois foram baleados na Vila Cruzeiro, durante o avanço das tropas pela comunidade.

Cleiton, que entrou na corporação em 2008, era casado e deixa esposa e uma filha. Ele será sepultado nesta quinta-feira (30), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste, sem velório. Heber, policial desde 2011, deixa esposa, dois filhos e um enteado.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que os agentes “honraram a farda com coragem, lealdade e compromisso inabalável com a segurança da sociedade” e que seus nomes “permanecerão vivos na memória da corporação”.

O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação, que mirava integrantes do Comando Vermelho, como “um sucesso”, apesar da morte dos quatro agentes. “Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso”, declarou, em entrevista na sede do governo estadual.

Mais tarde, em postagem nas redes sociais, Castro afirmou que “o Rio amanheceu de luto” e anunciou que todos os policiais mortos serão promovidos postumamente.

De acordo com a Polícia Civil, a operação visava cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços nos complexos da Penha e do Alemão. O governo informou que 113 pessoas foram presas, entre elas dez adolescentes, e que mais de 100 fuzis foram apreendidos.

Durante a madrugada, moradores relataram ter encontrado dezenas de corpos em uma área de mata que separa as duas comunidades -pelo menos 70, segundo relatos colhidos pela reportagem.

O delegado-adjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Bernardo Leal, foi baleado e segue internado em estado grave após cirurgia.