SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta quarta-feira (29), Google, Meta e Microsoft divulgaram seus balanços com uma notícia em comum: os três gigantes da tecnologia aumentarão seus gastos em data centers e serviços de inteligência artificial.
O resultado do anúncio teve desfechos diferentes. Enquanto as ações do Google e da Microsoft se valorizaram com o anúncio de receitas acima do esperado pelo mercado dos respectivos setores de nuvem, a Meta derreteu 9% porque seus investimentos não foram acompanhados de aumentos na receita.
O lucro líquido do conglomerado de redes sociais no terceiro trimestre deste ano apresentou um recuo de 83%. Essa notícia chegou ao mesmo tempo em que o mercado teme o estouro de uma bolha entre as empresas de tecnologia, causada pelo frenesi com a IA.
A Meta disse que seus gastos com equipamentos devem superar os US$ 70 bilhões em 2025, e o Google estima um valor entre US$ 91 bilhões e US$ 93 bilhões. Ambas as cifras estão nos patamares mais altos já anunciados pelas empresas.
Diferentemente da Meta, o Google apresentou uma alta de 33% no lucro líquido do terceiro trimestre de 2025, contra o mesmo período do ano passado. O gigante das buscas saiu como o vencedor da noite, com suas ações subindo mais de 5% após o fechamento do mercado.
Embora não tenha divulgado valores, a Microsoft disse que irá seguir aumentando as despesas para expandir sua oferta de serviço de nuvem, sua infraestrutura computacional e sua pesquisa em IA. Assim como o Google, a Microsoft apresentou uma alta no lucro líquido de 12% em relação ao terceiro trimestre de 2024.
Os crescentes investimentos na tecnologia são um dos sinais de que existe um erro de cálculo no preço que os acionistas deram às principais empresas no setor de IA.
As empresas de tecnologia representam 35% do desempenho do índice S&P 500. Na bolha pontocom, na virada para os anos 2000, o número era 17%. Quando os acionistas perceberam o descompasso entre o preço das ações e os resultados das primeiras empresas da internet, mais de 4.800 empresas de tecnologia fecharam as portas.
Principal fornecedor de chips para as três empresas, a Nvidia passa por valorização de 3% de suas ações na Bolsa de Nova York. A projetista das unidades de processamento gráfico -peça essencial na montagem das fábricas de IA- tornou-se, nesta quarta, a primeira empresa a superar o patamar dos US$ 5 trilhões.
Para o analista-chefe da plataforma financeira Investing.com Thomas Monteiro, os investidores tiveram dificuldades de estimar qual a proporção dos custos envolvidos na construção da infraestrutura de uma nova economia baseada em IA. “O resumo dos resultados é de que deve haver um achatamento das margens de lucro”, afirmou.
Ele avalia que as empresas terão de cortar custos em outras pontas, como outras tecnologias ou força de trabalho, para se manterem competitivas. Exemplo disso foram as milhares de demissões anunciadas pela Amazon na terça-feira (28).
Ainda assim, Monteiro avalia que não há risco de bolha. “Seria um cenário de bolha se o aumento dos investimentos e dos lucros fosse muito menor, os dados indicam apenas uma corrida de armas cada vez mais acirrada.”
O banco de investimento Goldman Sachs vai na mesma direção -considera que o crescimento das empresas de IA tem fundamentos sólidos.
Além disso, os gigantes da tecnologia têm caixas gordos e são menos dependentes de endividamento para bancar os altos investimentos. Por isso, um fiasco da nova economia de IA teria impactos restritos no restante dos mercados.




