SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), defendeu nesta quarta-feira (29) a operação mais letal da história do Rio de Janeiro como um “resgate do Estado democrático de Direito” e afirmou que a pauta da segurança pública e do combate ao crime organizado é o calcanhar de Aquiles do PT, partido do presidente Lula.
“O PT é complacente com o crime, aliado das facções. Não é uma pauta de direita, é da população. Mas é uma pauta com a qual só nós [de direita] temos compromisso”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.
O tema da segurança é a principal bandeira do governador, que já se lançou como pré-candidato à Presidência da República em 2026.
Caiado disse que ação no Rio serviu para mostrar que o Estado pode enfrentar o crime, mesmo com o que chamou de omissão da União com o narcotráfico.
Ele se reuniu com os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para tratar da crise no Rio e de como eles poderiam ajudar. Haverá um novo encontro presencial, na capital fluminense, com outros chefes de Executivo locais.
O governador de Goiás já disse que colocará à disposição efetivo policial, caso o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), julgue necessário. Questionado sobre que outra medida teria a oferecer para o combate às facções no estado, disse: “Minha chegada ao Palácio do Planalto”.
A operação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro deixou ao menos 119 mortos, incluindo quatro policiais, sendo a mais letal do país.
Mais cedo, Castro classificou a Operação Contenção como um “sucesso”, tirando as mortes policiais, segundo ele. Antes do anúncio dos números de mortes, ele havia comemorado os resultados.
Castro havia entrado em embate com o governo federal ainda na quarta, ao criticar a recusa em ajudar o Rio com blindados. Recuou ainda na quarta e nesta quinta disse que esteve em contato com membros do governo federal e espera uma visita de representantes para debater ideias.
Integrantes do governo Lula acusaram Castro, reservadamente, de exploração eleitoreira da crise, ao criticar o Executivo federal. No Ministério da Justiça e Segurança Pública, auxiliares de Lula e parlamentares governistas classificaram a ação policial como desastrosa.
“Diria que foi operação de resgate do Estado democrático de Direito, para devolver o Rio aos cariocas. Como vai fazer operação com pessoal atacando com drone, granada, bomba, armamento de alta potência e você sendo obrigado a entrar nas ruelas para poder enfrentar as pessoas no habitat deles muito bem armados? Vai ocorrer sem ter nenhum caso de óbito?”, afirmou Caiado.
“É uma guerra ou acha o quê? Quantos o CV [Comando Vermelho] mata por dia no Brasil? Muito mais de 60. Esse enfrentamento é de guerra, sem dúvida. As forças do CV e do PCC [Primeiro Comando da Capital] são maiores que o Exército brasileiro. Ninguém está entrando em operação para matar ninguém. O confronto foi feito pelo crime, eles que reagiram à decisão de cumprimento de decisão judicial”, completou.
A ação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, foi a mais letal do país envolvendo policiais, segundo a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.
Segundo a contagem oficial, foram 119 mortes, sendo 4 policiais. Em outubro de 1992, tropas da Polícia Militar paulista mataram 111 presos na extinta Casa de Detenção, na zona norte, no que ficou conhecido como massacre do Carandiru.
Um outro caso com centenas de mortes ocorreu em maio de 2006 em São Paulo, quando uma onda de violência tomou o estado após ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra forças de segurança.
Samira, no entanto, explica que, mesmo com a grande quantidade de assassinatos, não foi possível contabilizar quantas mortes foram cometidas realmente pela polícia. O contexto também aconteceu de forma diferente, uma vez que não ocorreu ao longo de um único dia ou horas, caso do Alemão, da Penha e do Carandiru.




