SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, voltou a defender na manhã desta quarta-feira (29) a Operação Contenção, realizada ao longo de terça (28). Ele afirmou que somente os quatro policiais mortos em confrontos são considerados vítimas e que, fora essas mortes, a operação foi um sucesso.
“De vítima, ontem, lá, só tivemos os policiais”, disse Castro em entrevista coletiva. Ele afirmou que foi um dia histórico para o Rio de Janeiro e que a operação foi “um duro golpe” na criminalidade.
A operação deixou mais de uma centena de mortos, entre os contabilizados na terça e os que foram resgatados em mata na madrugada e manhã desta quarta por moradores. Na contabilidade oficial de Castro, são ainda 54 vítimas, incluindo os quatro policiais na véspera falou-se em 64.
“A maior operação da história das polícias. Muitos ensinamentos foram tirados. Ontem, pode ter sido o início de um grande processo no Brasil. Temos convicção que temos condições de vencer batalhas. Mas sozinhos não temos condições de vencer essa guerra. Guerra contra um poder bélico e financeiro”, afirmou.
Castro havia entrado em embate com o governo federal ainda na quarta, ao criticar a recusa em ajudar o Rio com blindados. Recuou ainda na quarta e nesta quinta disse que esteve em contato com membros do governo federal e espera uma visita de representantes para debater ideias.
“Não vamos ficar chorando, ajudaram ou não ajudaram. Não deu para contar com apoio [do governo federal], a gente fez a nossa operação e foi um sucesso. Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso”, afirmou, em entrevista na sede do governo estadual.
As declarações foram dadas logo após reunião com a cúpula da segurança do estado. O governador afirmou que nem ele nem seus secretários vão ficar respondendo a ministros ou outras autoridades que queiram transformar o momento em batalha política.
“Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento no combate à criminalidade é bem-vindo. Os outros, que querem fazer politicagem, nosso recado é: suma. Ou soma ou suma. Não entraremos nessa armadilha de ficar querendo polarizar ou politizar uma das maiores ações que já houve”, declarou.
O governador também afirmou que o trabalho de perícia e fiscalização da operação estará aberto às autoridades. A contagem de mortos, afirmou, ocorre apenas após a entada no IML (Instituto Médico Legal). “Não posso fazer balanço antes de todos entrarem. Senão fica uma guerra de números”, afirmou.
Na terça, números oficiais indicavam 64 mortos. Castro disse que a operação foi planejada para ocorrer em local longe de edificações e, por isso, o governo está seguro de que a grande maioria dos mortos está ligada ao tráfico de drogas.
“O conflito foi todo na mata. Então não creio que estivesse alguém passeando na mata”, afirmou. “Se tiver algum erro de contabilidade, é residual, irrisório, e será esclarecido.”
Castro disse que se reuniu com governadores, incluindo o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e ficou feliz ao entender que todos perceberam a importância da operação, e que recebeu apoio.
Ele declarou esperar do governo federal um foco no Rio de Janeiro, de integração e trabalho conjunto.
OPERAÇÃO
Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, levaram na madrugada desta quarta-feira (29) ao menos 70 corpos para a praça São Lucas, na comunidade.
Eles foram localizados na mata entre os complexos do Alemão e da Penha, onde foi realizada a operação mais letal da história do estado, nesta terça (28).
Ao menos 64 corpos foram retirados da mata até as 10h. O presidente da associação de moradores local, Eriberto Leão, disse que durante a madrugada levou outros 6 corpos em uma kombi até o Hospital Getúlio Vargas.
Se somados esses mortos encontrados pelos moradores com os 64 anunciados pelo governo na terça-feria, a operação terá resultado em mais de uma centena de corpos.
A operação da polícia tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, e somava até essa terça (28) 64 mortes, sendo quatro policiais.
A ação e a resposta do Comando Vermelho que usou armamento pesado e ordenou o fechamento de vias deixou diversas regiões da segunda maior cidade do país com um cenário de guerra, com caos nas ruas, tiroteios e veículos queimados .
Suspeitos de integrarem o Comando Vermelho chegaram a usar drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população da Penha, para atrasar o avanço das forças de segurança durante a manhã desta terça.
A megaoperação policial tinha como objetivo cumprir 69 mandados de prisão de membros do Comando Vermelho em 180 endereços. O governo estadual disse que 81 pessoas foram presas na ação, mas não divulgou quantos mandados foram cumpridos. Além disso, os agentes apreenderam mais de 100 fuzis que eram usados pela facção.




