SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O total de mortos na Operação Contenção, no Rio de Janeiro, chega a 119, divulgou o governo do estado, na tarde desta quarta-feira (29), um dia após a ação mais letal da história do estado. O goverandor Cláudio Castro (PL) classificou a ação como “um sucesso”.

O número de mortos foi atualizado pelo delegado Felipe Curi, secretário estadual da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

De acordo com ele, 113 pessoas foram presas. O delegado afirmou que dez adolescentes foram apreendidos.

Victor Santos, secretário de segurança, explicou por que a área de mata foi o ponto principal de confronto.

“Dentro do histórico de operações naquele cenário, naquela localidade, optamos por deslocar o local de contato. Por isso, nós tiramos [o confronto] da área edificada das comunidades para a área de mata, que é onde eles [suspeitos] efetivamente se escondem e atacam as forças policiais. Dessa maneira, a opção foi feita para preservar a vida de todos os moradores que naquela região residem e obviamente minimizar o dano colateral. Dentro desse contexto, nós tivemos um dano colateral muito pequeno: quatro pessoas inocentes foram baleadas, feridas, mas sem gravidade”, afirmou.

Mais cedo, antes do anúncio dos números de mortes, o Castro havia comemorado os resultados da operação. “Não deu para contar com apoio [do governo federal], a gente fez a nossa operação e foi um sucesso. Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso”, afirmou, em entrevista na sede do governo estadual.

A operação tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade e somava até essa terça (28) 64 mortes, sendo quatro policiais.

A ação e a resposta do Comando Vermelho —que usou armamento pesado e ordenou o fechamento de vias— deixou diversas regiões da segunda maior cidade do país com um cenário de guerra, com caos nas ruas, tiroteios e veículos queimados.

Suspeitos de integrarem o Comando Vermelho chegaram a usar drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população da Penha, para atrasar o avanço das forças de segurança durante a manhã desta terça.

A megaoperação policial tinha como objetivo cumprir 69 mandados de prisão de membros do Comando Vermelho em 180 endereços. O governo estadual disse que 81 pessoas foram presas na ação, mas não divulgou quantos mandados foram cumpridos. Além disso, os agentes apreenderam mais de 100 fuzis que eram usados pela facção.

Na madrugada desta quarta, moradores do Complexo da Penha, na zona norte, levaram retiraram ao menos 70 corpos da área de mata que separa os dois complexos e onde teve intenso tiroteio durante a operação.

Os mortos foram enfileirados na praça São Lucas, na comunidade, onde foram reconhecidos por parentes.

A advogada Flávia Fróes, que acompanhou a retirada dos corpos, afirmou que alguns deles têm marcas de tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas.

Defensores de direitos humanos pediram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a presença de interventores e peritos internacionais no Rio. A advogada chamou a ação policial de “o maior massacre da história do Rio de Janeiro”.