BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A produtora Macaco Gordo, que pertence a um sócio do ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Sidônio Palmeira, atuou em campanhas da Caixa Econômica Federal e da Embratur durante o governo Lula (PT).
A empresa recebeu cerca de R$ 12 milhões desde 2023 ao ser subcontratada por agências de publicidade, segundo revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que aponta R$ 7,9 milhões pagos em ações de mídia da Caixa e R$ 3,9 milhões por campanhas da Embratur.
A produtora pertence a Francisco Kertész, que também é sócio de Sidônio na empresa Nordx.
Em nota, a Secom disse que o ministro se afastou das funções de gestão e de administração das empresas em que já atuou ao assumir o cargo no governo. “Desse modo, é descabido, infundado e mentiroso insinuar que tenha havido qualquer ingerência do ministro em favor de empresas ou indivíduos durante qualquer decisão de que ele tenha participado no âmbito do governo federal.”
A Secom também afirmou que não interfere na escolha dos fornecedores terceirizados dentro das campanhas. Essa subcontratação é feita por agências publicitárias que venceram as licitações pelas contas de publicidade dos órgãos públicos.
Procurada pela reportagem, a Macaco Gordo não se manifestou. O dono da produtora, Francisco Kertész, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a empresa tem mais de 15 anos no mercado e foi escolhida em razão de qualificação técnica e preços menores.
Ao realizar as campanhas, as agências devem fazer uma cotação com ao menos três empresas antes de escolher aquela que será subcontratada. A Propeg, a Calia e a Binder, agências que subcontrataram a Macaco Gordo, disseram que a empresa foi selecionada após essa comparação de preços.
A verba das campanhas é paga pelos órgãos públicos para as agências, que repassam parte do valor para empresas subcontratadas, como a Macaco Gordo. Esse valor que chega aos fornecedores das agências não é detalhado no Portal da Transparência.
Em nota, a Caixa afirma que as contratações seguiram critérios estabelecidos pela legislação e por normas internas do banco. O banco disse que trabalhou com 41 produtoras de vídeos desde 2023 e que a Macaco Gordo foi selecionada por apresentar o menor preço. A Caixa não informou quanto foi pago para a produtora do sócio de Sidônio.
A produtora atuou em campanhas do Minha Casa, Minha Vida, Lotofácil da Independência, entre outras do banco público.
Já a Embratur afirma que a Macaco Gordo atuou em duas campanhas em 2024, antes de Sidônio entrar no governo. Uma delas, de R$ 1,97 milhão, teve como objetivo a promoção do Brasil nos Estados Unidos.
Outro trabalho da empresa, que custou cerca de R$ 1,99 milhão, foi entregar um “produto de realidade virtual” para ser apresentado em eventos nacionais e internacionais, mostrando vídeos com destinos turísticos do Brasil, como Rio de Janeiro e Fernando de Noronha.
“Entre 2023 e 2025, a Embratur terá realizado 11 campanhas publicitárias nacionais e internacionais. Neste universo de campanhas, a Macaco Gordo ganhou uma concorrência”, diz o órgão. As duas campanhas da produtora foram realizadas em 2024.
Sidônio assumiu a Secom em janeiro de 2025. O ministro mudou a estratégia de comunicação do governo Lula e passou a apostar na divulgação das campanhas na internet. O governo também tem contratado influenciadores e utilizado linguagem de vídeos virais.
A nova estratégia de comunicação da Secom contrasta com a orientação anterior, de Paulo Pimenta (PT), que defendia aumentar o investimento em rádios como forma de alcançar a população mais pobre e distante das capitais ele deixou o cargo em janeiro.
O novo ministro nomeou Mariah Queiroz para a Secretaria de Estratégias e Redes. Ela trabalhava na comunicação do prefeito de Recife, João Campos (PSB), um dos políticos com ampla projeção nas plataformas digitais.




