RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Familiares de mortos na operação desta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, chegam nesta manhã ao IML (Instituto Médico Legal) e ao Detran, espaços destinados ao cadastro e reconhecimento dos corpos.

Cerca de cem pessoas estão no IML e o clima entre os familiares é de consternação. Alguns buscam notícias, porque não sabem se os familiares foram ou não mortos na operação.

Uma das familiares, que não quis se identificar e afirmou ser irmã de um dos mortos, disse ter visto quatro pessoas serem mortas na frente dela na favela da Penha, fora da área de mata em que foram encontrados ao menos 70 corpos na madrugada desta quarta (29). Ela questionou por que os alvos não foram presos e disse ainda que a operação acabou com o Natal e o Ano Novo das familiares.

Entre 8h e 10h, ao menos quatro viaturas da Defesa Civil chegaram ao IML, no centro da cidade. As famílias se reúnem no Detran, prédio ao lado do instituto que foi destinado pelo governo do estado para dar conta do cadastro.

Na calçada entre os prédios do IML e do Detran eles são abordados por pessoas que se identificaram como agentes funerários contratados pela associação de moradores da Penha.

Familiares foram informados de que parte dos corpos não será liberada hoje.

Algumas famílias vieram de outros municípios do estado, como Cabo Frio e Arraial do Cabo. Os complexos da Penha e do Alemão, segundo a polícia, reúnem lideranças de diferentes cidades e estados.

Caroline Malícia, 24, espera reconhecer o corpo do pai de sua filha, Victor. Ela saiu de Arraial do Cabo na madrugada e foi para o complexo da Penha, onde viu o corpo do ex-companheiro enfileirado na praça.

“O último contato que tive com ele foi às 16h de terça. Ele falou que não aguentava mais. Depois, me avisaram que haviam encontrado o corpo dele na mata”, disse.

“Ele foi para mata por volta das 10h e ficou encurralado. Ele dizia nas mensagens que estava vendo pessoas sendo mortas e que não sabia se ia sobreviver.”

A Defensoria Pública deslocou membros para o Detran a fim de acolher os familiares com suporte jurídico. A defensora Cristiane Xavier de Souza afirmou que a Defensoria cobra apuração completa dos casos.

“Nós viemos pro IML para viabilizar a questão do fluxo para as famílias que estavam dentro dos 64 [mortos, anunciados até a noite de terça]”, afirmou.

“Os últimos números não tenho essa informação somente a perícia até se há algum tipo de divergência se eram ou não vítimas da operação a perícia vai se encarregar desse papel de elucidar.”