SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O furacão Melissa atingiu Cuba na madrugada desta quarta-feira (29), com ventos chegando a 195 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês), após deixar um rastro de destruição na Jamaica.
A maioria dos jamaicanos ficou sem acesso à internet e os principais aeroportos permanecem fechados, dificultando o trabalho das autoridades para avaliar a dimensão dos danos. O governo afirmou que o país é uma “zona de desastre” e que os moradores devem permanecer protegidos devido ao risco de inundações e deslizamentos de terra.
Fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais mostravam estradas e carros destruídos, além de árvores e destroços de telhados arrancados pelos ventos. O aeroporto de Montego Bay ficou com áreas de espera alagadas, vidros quebrados e tetos desabados. O Melissa foi uma das mais fortes tempestades de categoria 5 da escala Saffir-Simpson já registradas no país caribenho, com ventos de até 295 km/h.
O fenômeno já havia provocado dez mortes: três na Jamaica durante os preparativos para a chegada da tempestade, três no Haiti, três no Panamá e uma na República Dominicana.
Ainda não há relatos de novas vítimas após a passagem pela Jamaica, mas o primeiro-ministro do país, Andrew Holness, afirmou à CNN que a expectativa é de que “haja algumas perdas de vidas”. Muitas áreas do país permanecem isoladas. No sudoeste, a paróquia de St. Elizabeth ficou debaixo dágua, segundo um funcionário, e mais de 500 mil moradores ficaram sem energia elétrica. “Os relatos que recebemos até agora incluem danos a hospitais, a propriedades residenciais e comerciais, além de danos à nossa infraestrutura rodoviária”, disse Holness.
A tempestade levou horas para atravessar a Jamaica, o que reduziu seus ventos para a categoria 3, para depois subir novamente para 4, e o NHC descreveu o furacão como “extremamente perigoso”. “Tempestades, inundações repentinas e deslizamentos de terra, além de ventos destrutivos, estão ocorrendo nesta manhã”, informou o centro.
Por volta das 9h30 de Brasília desta quarta, cerca de cinco horas após tocar o solo de Cuba, o NHC afirmou que o furacão havia perdido força novamente, atingindo a categoria 2.
Aproximadamente 735 mil pessoas foram evacuadas de suas casas na ilha à medida que a tempestade se aproximava. O líder cubano, Miguel Díaz-Canel, alertou na terça-feira (28) que o furacão causaria “danos significativos” e pediu que a população obedecesse às ordens de evacuação.
As autoridades cubanas declararam “estado de alerta” em seis províncias: Granma, Las Tunas, Holguín, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo. Desde segunda-feira, a população começou a estocar mantimentos e a reforçar os telhados de suas casas com cordas. As aulas e atividades não essenciais foram suspensas.
O centro da tempestade atingiu Guamá, uma área rural e montanhosa a cerca de 40 km a oeste de Santiago de Cuba, a segunda cidade mais populosa do país. Vídeos divulgados nas redes sociais mostravam enxurradas de água barrenta descendo por ruas de cidades aos pés da Sierra Maestra, próximas a Santiago.
As autoridades relataram inundações generalizadas nas áreas baixas, desde Santiago até Guantánamo, onde mais de 35% da população foi evacuada. O furacão não deve atingir a capital, Havana, diretamente. Cuba já enfrenta escassez de alimentos, combustíveis, eletricidade e medicamentos, o que tem dificultado a vida da população e provocado migração recorde desde 2021.
Inundações repentinas e deslizamentos de terra também estão previstos para ocorrer no Haiti e na República Dominicana. As autoridades haitianas ordenaram o fechamento de escolas, comércios e escritórios administrativos nesta quarta-feira.




